Escrito por: Érika Reis
A Prefeitura de Imbituba divulgou uma nota na noite da última segunda-feira (13) na qual informa que está reestruturando a abordagem à causa animal no município, passando a administração do Centro da Secretaria de Saúde para a de Meio Ambiente.
Devido à alteração de pasta, as vacinas contra a doença cinomose, que foram entregues ao almoxarifado do setor no dia 29 de dezembro, ainda não foram liberadas para as cuidadoras que atuam de forma voluntária no acolhimento e abrigo de animais abandonados.
A alteração será votada na sessão extraordinária da Câmara, marcada para a próxima terça-feira (21), quando os vereadores irão analisar e votar a reforma administrativa do novo governo municípal.
O Portal AHora procurou a secretária de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, Patrícia Menegaz Farias, para esclarecer o problema das vacinas. A gestora afirma que, devido às férias do responsável técnico pelo almoxarifado, a liberação ainda não pôde ser concluída, mas que, entretanto, a nova gestão busca um meio de dar sequência àliberação da demanda.
Entenda a situação
As cuidadoras, cujas necessidades são mantidas pelo Centro de Bem Estar Animal de Imbituba, estão preocupadas com a demora da liberação das vacinas contra a cinomose, que afeta cães não vacinados. Isso porque a doença é altamente contagiosa entre os cachorros e pode levar à óbito em casos mais graves.
Segundo a porta-voz das protetoras de animais do município, Dionéia Zarbielli, há um surto de cinomose e com a demora na distribuição de vacinas para cinomose, alimentos e remédios por parte do Centro o trabalho das protetoras é adiado e os cães são afetados, principalmente devido a proliferação desta doença altamente contagiosa.
“Somos em torno de 92 protetoras. Algumas têm 30 animais, outras passam de 100 cães e gatos. Nós resgatamos e fazemos doações, com a castração garantida aos adotantes. Porém, com o atraso da liberação das vacinas, o surto de cinomose e o Centro de Bem Estar Animal parado, acaba por inviabilizar o nosso trabalho”, conta Dionéia.
Apesar desta doença não ser uma zoonose (doenças infecciosas que podem ser transmitidas, naturalmente, para seres humanos), a cinomose pode atingir outros cães, tanto de rua quanto domésticos. Devido aoe problema, existe uma grande preocupação.
“O animal de rua que não está vacinado ou está com a imunização em atraso pode transmitir a doença para outros animais, e inclusive, infectar os cães de um bairro todo”, destaca a cuidadora.
O que é cinomose
O Portal AHora procurou um especialista na saúde animal para explicar o que é e quais as consequências da cinomose entre os cães. O médico veterinário do hospital Clinvet, Dr. Rafael Rovaris Pinheiro, explica que trata-se de uma doença infectocontagiosa causada por um vírus que é altamente contagioso e letal aos cães.
“Essa doença é transmitida por contato direto ou por fômites (objetos contaminosos), e afeta com maior facilidade cães filhotes, idosos ou imunodeprimidos. Os sinais clínicos nos animais iniciam normalmente como uma gripe: febre, secreção ocular e nasal, espirros, apatia, perda de apetite – que pode evoluir para um quadro gastrointestinal como vômito e diarréia – e por fim, os sinais neurológicos como convulsões e mioclonias (tremor ou espasmo involuntário). Em casos mais graves, pode levar à óbito!, explica Pinheiro.
Segundo o especialista, o diagnóstico da doença precisa ser feito por um médico veterinário especializado em animais, por meio de exames clínicos e laboratoriais. A doença é tratável, porém a taxa de óbito é grande, devido a maioria dos animais já chegarem em estado avançado da doença.
Quanto custa a vacina contra a cinomose
As vacinas em filhotes precisam ser feitas em três doses da V7, que abrange as doenças adenovirose, cinomose, hepatite infecciosa, leptosprose, parainfluenza e parvovirose. Nos cães adultos, a vacinação é feita a cada 1 ano. Através da última emenda impositiva à causa animal, nº 75, instaurada em novembro de 2024 pela Câmara de Vereadores de Imbituba, cada unidade vacinal que o centro custeia é R$27.
Além destas vacinas, o Centro de Bem Estar Animal dispõe às cuidadoras os seguintes materiais:
- Ração de gato e cachorro (filhote e adulto);
- Microchip (para fiscalizar o cuidado dos adotantes);
- Anestésicos Cetamina e Xilazina;
- Vermífugos; e por fim,
- Castração de animais.
Mas, se a vacina não for liberada o quanto antes, o surto de cinomose pode atingir um número cada vez maior de animais.
