Quando a barragem do Rio Doce rompeu, escrevi um poema, senti e imaginei tais sofrimentos como se comigo fora. Tenho filha especial, é impossível imaginar como poderia sobreviver buscando escapar de tal catástrofe. Seríamos colhidos pela morte, é certo. Agora busco nesta proposta compreender, as razões de tanta imperícia, negligência, redundante descaso com a Vida Humana e com a Natureza:
A vida de repente se vê entre lama,
Gritos, desespero, tragédia anunciada num silêncio sabido.
Um vermelho ferro, água contaminada. Desleixo, descaso,
Quantas vezes o caboclo olhou vale acima, secando o suor da fronte?
Quantas vezes se fez a pergunta “até quando”?
Teorias da conspiração? Ganância pura? Quem colocaria os seus diante de tamanha crueldade?
O verde desta bandeira amada, Brasil.
Suas estrelas não pontilham vermelho…
Nossa face, sim, branda ao vento e em coro tanta dor.
Vidas soterradas, filho segura pai idoso, quantos se foram?
Quantos mais irão? Até quando soberanos podemos permanecer?
Unidos pelo bem maior; a Vida, a Pátria, ao desenvolvimento?
Tento raspar do peito esta lama vermelha.
Lágrimas tingem o verde amado e a vida serena do vale,
E lá no alto envergonha-se a bandeira a meio mastro.
No escuro da maldade, alvos dentes se mostram,
Rindo da desgraça alheia, brutos sem misericórdia…
Destruidores da Pátria, ceifadores de vidas inocentes.
Derrama à criança órfã lágrimas vermelho ferro…
Ladra o cão amigo no desespero da busca…
Enquanto seca a lama sobre corpos nus,
Miríades de outras vidas juntam-se
Àquelas outras em procissões aos céus…E o vento sopra pelas colinas a marcha fúnebre
Amparo destas tantas lágrimas vermelhas em ferro.
Até quando exprime quase mudo o solo Mãe.
A mão estendia aos céus suplica ajuda
Atolada, só, ceifada, suplica…
Freme aliviado o socorrido,
Vibra a lama ao sopro do socorro.
E longe de tudo isto, onde cristalinas são as águas…
Tantos irmãos Pátria derramam lágrimas de vermelho ferro.
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Com 45 anos dedicados a criação de histórias e a produção de livros, Dario Cabral da Silva Neto, de 60 anos escreve poesias e se dedica ao desenvolvimento de romances. Dos 20 títulos já escritos, oito foram publicados.
Entre 1973 e 2000, Dario era, exclusivamente, poeta, mas em 2000, decidiu se transformar em romancista. Entre as surpreendentes obras, que são vendidas por R$ 30, estão os clássicos Catador de Sonhos, Uma Questão de Amor, A Ravina, Pétalas de Amor, O Segredo de Melissa e a Caminhada do Zé Mundão.
Os livros escritos por Dario não tem um foco religioso, mas trazem mensagens espiritualizadas.
Para adquirir as obras de Dario basta realizar contato com o escritor pelo Messenger do Facebook (in box) ou pelo telefone (48) 999378198.