Previous slide
Next slide
Previous slide
Next slide

À Flor da Pele: no 1° texto da coletânea Ansiedade Contemporânea, colunista Érika Bernardes reflete sobre o difícil conflito entre gerações

Compartilhe esta notícia:

Previous slide
Next slide
Coletânea: Ansiedade Contemporânea

Antes de começar, gostaria de pontuar duas considerações:

1. Os anos entre as gerações são muito relativos, algumas pessoas que nasceram no final da década de cada geração, pode se identificar com a geração passada. Além de não ser um estudo 100% afirmativo, afinal devemos considerar o histórico-cultural, social, político, econômico, etc… 

2. Este conteúdo, por si só, já é extenso, mas tentei enxugar o máximo possível. 

Boa leitura!

Entendendo as Gerações 

Inicialmente, quando ainda não tinha o impulso de buscar informação sobre as gerações, eu realmente achava que era “modinha”, mas me enganei. Na verdade, os estudos sobre as gerações Baby Boomers, X, Y (Millennial), Z(Centennial) e Alpha são da área de Sociologia, os quais caracterizam os comportamentos de cada década. Nas Ciências Sociais, este termo, que vem do latim generatio, traduz a referência a um conjunto de indivíduos nascidos num mesmo tempo, que detêm uma experiência comum, e expressa uma determinada forma de encarar a vida e seus problemas. Vamos às especificações.

[CLIQUE AQUI PARA CONFERIR O PRIMEIRO TEXTO DA COLETÂNEA ANSIEDADE CONTEMPORÂNEA]

Baby Boomers – nascidos entre 1960 à 1980 (atualmente com 60 à 80 anos)

A Geração Baby Boomers é caracterizado pela valorização do trabalho e priorização à família e os “bons costumes”. Foi dado este nome – tradução literal: Explosão de Bebês – devido ao aumento de natalidade deste período, em que era muito comum ter mais de três filhos. Em um período Pós Segunda Guerra, os países envolvidos viviam um momento de reconstrução. Já no Brasil, este momento foi marcado pelo desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek, com a promessa dos “50 anos em 5”; a Tropicália, período em que começaram os movimentos culturais pós-ditadura, através de paródias e deboche a mesma; início da Globalização Cultural e crescimento econômico – por conta do final da Segunda Revolução Industrial. Filhos de uma geração de aculturados e sob o rigor da hierarquia e da padronização do processo de produção em massa, veem que é preciso evoluir na carreira para ter condições melhores. Para o mercado de consumo, os Baby Boomers, concentram hoje, grande parte da riqueza mundial e são responsáveis pelas principais
tomadas de decisões ao redor do mundo.

As características desta geração são as seguintes:

• Pessoas totalmente voltadas ao trabalho, competitivas e orientadas para o alcance de 
resultados;
• Dificuldade à perda de bens, demorando para se reerguer;
• Dificuldade com comunicação e feedback – já que são mais introspectivos;
• Dificilmente influenciáveis;
• Firme em suas decisões;
• Mais resistentes à mudanças;

Geração X – nascidos entre 1960 e 1980 (atualmente com 40 à 60 anos)

Esta geração viveu grandes momentos históricos como a fase da Guerra Fria e os movimentos de grande impacto no cenário social e cultural, como “O Ano que não Terminou”, com o assassinato de Martin Luther King e Robert Kennedy, a Guerra no Vietnã, além de inúmeras manifestações estudantis. No Brasil, coincide com o período da ditadura, o desenvolvimento industrial e o crescimento econômico. O mercado de trabalho, nesta época, era mais competitivo, as pessoas davam mais valor ao diploma formal, à capacitação e a estabilidade profissional. Disciplina e respeito à hierarquia ainda era forte, porém já havia a ideia de liberdade. Esta geração é mais cética em relação às autoridades governamentais e possui maior senso de individualidade e competição. Ganha força também, os movimentos feministas em relação aos direitos civis e de natalidade – quando o anticoncepcional surgiu – e também o movimento político “Diretas Já” – a qual fez com que a população civil também tivesse o direito a votar, não apenas os militares.

Outras características desta geração:

• Possui alto poder de consumo;
• Tende a ter foco nos resultados, ter uma relação mais equilibrada entre vida pessoal e 
profissional;
• Sede por conhecimento, tentar e errar já não é o fim do mundo ao considerar que os erros 
são aprendizados;
• Espírito empreendedor e, em sua maioria, é autoconfiante;
• Busca por independência;
• Possui pouca abertura para novas ideias;

Geração Y (Millennials) – nascidos entre 1980 à 1995 (atualmente com 25 à 40 anos)

Esta geração, é marcada pelo início da tecnologia digital e globalização, este grupo viu a tecnologia nascer e o mundo se tornar mais veloz. No Brasil, o contexto era de redemocratização (período pós ditadura) e instabilidade econômica e política, porém viram o país começar a dar passos mais firmes com o surgimento do Plano Real – programa brasileiro de estabilização econômica, que promoveu o fim da inflação elevada, situação que já durava, aproximadamente, trinta anos. 

Algumas características desta geração:

• As pessoas se tornaram mais flexíveis à mudanças, com sede de inovação e desafios;
• Para elas, não importa tanto a estabilidade, e sim a paixão pelo que fazem, a ousadia e a
experiência;
• Priorizam a sustentabilidade, o consumo consciente e gostam de se engajar em causas
sociais;
• São considerados imediatistas, já que viram o mundo crescer rapidamente, eles querem ter o
que desejam o mais rápido possível – desde sucesso na carreira ou uma mensagem no
celular;
• Os níveis de medo e ansiedade aumentam, logo enfrentam sérios problemas psicológicos;
• Fascinados por desafios, fazem tudo do seu jeito;
• Têm dificuldade com hierarquia, apenas pelo critério da autoridade instituída, vivem em
rede e odeiam burocracia e controle, não gostam de tarefas e rotinas operacionais, querem
crescer rapidamente e tem enorme necessidade de aprendizado (BOOG, 2013);
• Multitarefas, impulsivos, competitivos e questionadores;

Geração Z (Centennial) – nascidos entre 1995 e 2010 (atualmente com 10 a 25 anos)

A penúltima, e não menos importante geração, é a que estamos observando agora. Pessoas que já nasceram em um mundo conectado – “nativos digitais”. Para eles, não existe divisão entre online e offline, estão conectados a todo momento e em todo lugar. Para eles, não há tempo a perder, são extremamente ágeis, multitarefas e capazes de absorver uma grande quantidade de informações. Aqui no Brasil, esta ‘linhagem’ nasce em um momento de prosperidade, crescimento econômico e busca por justiça social – fazendo da sua cultura, ativista. Porém, na adolescência, já passa pela crise política e econômica, a qual ainda não se tem pleno conhecimento das ações desta geração. 

Outras características desta geração:

• São mais pragmáticos e realistas que a geração anterior;
• Entendem que mesmo não sendo o emprego dos sonhos, a carteira assinada é o caminho
para a estabilidade financeira;
• Impacientes, comunicação virtual instantânea, tendem ao isolamento (logo, tem problemas
em socializar);
• Tendem a se engajar com questões ambientais, sociais e identitárias e parecem ser mais
conservadores que a geração anterior;

Geração Alpha – nascidos a partir de 2010 (até 12 anos)

Esta última geração ainda está dando os primeiros passos para as mudanças sociais, logo não há tantos estudos que possam definir, corretamente, as características desta. Porém, algumas observações são perceptíveis: a exposição à tecnologia e às telas é ainda mais forte, há também fortes características comportamentais como a flexibilidade – é o que é e ponto –, autonomia, e um potencial maior para inovação. Nascem em um período de recessão econômica no Brasil, pandêmica e crescem em uma época de polaridade e extremismo. Pressupõe-se que esta geração será marcada pela sua relação com a inteligência artificial, sendo, a tecnologia, parte de sua vida e até mesmo de seu corpo. Meninas já não crescem em um mundo cor-de-rosa, o que tende a torná-las cada vez mais protagonistas, em posição de poder. Questões de gênero e orientação sexual provavelmente não serão mais amarras, assim como o direito à diferença será uma causa fortalecida. Serão pessoas com base forte em conhecimento e muito mais realistas.


Refletindo sobre este estudo, pode-se dizer que sim, ao decorrer das décadas, a população evoluiu em conhecimento. Porém, apesar de ter evoluído neste aspecto, percebo que essas mesmas pessoas estão mais frias, calculistas e racionais demais. Perderam a capacidade reflexiva, – muitos acham que a Filosofia, matéria qual permite o ato da reflexão, seja uma matéria chata de se estudar – o que as tornam, então, pessoas robotizadas, manipuladas. 

Pelo perfil social, político e econômico de cada geração, pode-se compreender o porque das pessoas serem o que são, por influências dos acontecimentos. Alguns idosos sempre dizem: “Na minha época não tinha essas frescuras, nós começávamos a trabalhar aos sete anos de idade…”, mas era por conta do cenário em que estavam: de reconstrução econômica. Toda questão a ser discutida, deve ser considerado os fatores históricos para que se possa afirmar algo. E, agora, a sociedade está evoluindo cada vez mais rápido, e é exatamente isso que faz com que nossa ansiedade cresça cada vez mais: não vemos a hora de vencer. Entretanto, qual é a chegada? Para que estamos lutando? Qual o objetivo para cada um de nós? Estamos sobrecarregados e esquecendo de viver: chorar, gritar, amar, ser. Todas as razões humanas estão se perdendo, porque estamos virando máquinas. E quando vem uma reação humana como a tristeza e o choro, primeira coisa que todos pensam, racional e cientificamente: depressão. Quando estamos apaixonados: liberação de endorfina no cérebro, então não é uma sensação natural. Estamos nos tornando pessoas frias, que qualquer sensação anormal, há uma solução racional: remédio ou vícios – isso inclui a tecnologia. O ato de refletir é perda de tempo para pessoas que precisam buscar o sucesso, será mesmo?

No próximo artigo desta coletânea, escreverei sobre as reações no cérebro quanto à ansiedade, e como a tecnologia influencia essas reações. Até logo!

Sobre a Colunista

Sou Érika dos Reis Bernardes, – oiii – tenho 21 anos e sou uma “fisólofa” – isso mesmo que você leu, não é erro de digitação. Já que não tenho estudo acadêmico a ponto de filosofar como Platão, Aristóteles, entre outros filósofos, prefiro me enquadrar no senso comum de pessoas que dão pitaco em tudo. 

Uma ‘jovem adolescente’ que ama estudar seu próprio comportamento e que tem prazer em filosofar sobre a vida. Passei boa parte dos meus 21 pensando e aprendendo, principalmente no período em que lutava para me recuperar de um AVC ocorrido, em 2012, assim que cheguei a Imbituba, na escola. Que me acarretou em graves limitações físicas. Tive complicações como hidrocefalia e durante anos precisei reaprender a andar e a falar. 

Nas colunas abordo assuntos que mexem com a cabeça de qualquer adulto: A MENTE DE UM ADOLESCENTE E DO JOVEM. Nestes textos que escrevo semanalmente, trago a verdade nua e crua de um adolescente, mas de uma forma mais poética e dramática, típica do universo Teen. Mostro também minha visão de mundo, em relação a questões sócio culturais que nos atingem. Sem defender os jovens, mas também sem passar a mão na cabeça dos adultos.

Sim! Sou uma guria que recém saiu das fraldas que quer dar uma de “sabe tudo” no Portal! Talvez? Quem sabe? Quem sou? Pra onde vou? Quem fui?

À Flor da Pele é, com toda certeza, o sinônimo de adolescência e juventude. Hormônios, vida, arte, drama, rock’n’roll, sexo, teorias, ideologias que explodem na mente e no corpo dos jovens. Como saber lidar com tudo isso? Mostro o quão neutros precisam ser os pais nessa fase. E o quão conhecedores de si mesmos, os jovens precisam ser para passar por essa incrível saga.

Opinião:
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal AHora

Receba todas as notícias direto no seu whatsapp!

Fale conosco

Preencha o formulário abaixo que em breve entraremos em contato

Inbox no Facebook

Rua Rui Barbosa, 111 – Vila Nova, Imbituba – SC Brasil