Empresários bolsonaristas foram alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (23). Os mandados de busca, as quebras de sigilo bancário e os bloqueios das redes sociais dos suspeitos decretados foram emitidos porque os empresários defenderam a realização de um golpe de Estado, caso o ex-presidente Lula (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais, que ocorrem em outubro.
Dentre os alvos da operação está o empresário de Garopaba Marco Aurélio Raimundo, conhecido como “Morongo”, da Mormaii.
Os outros empresários na mira da PF são: Luciano Hang, da Havan; José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; André Tissot, do Grupo Serra; Meyer Nirgri, da Tecnisa; e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu, conforme informado pelo jornal Folha de São Paulo.
As buscas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Quem são os suspeitos, alvos da Operação da PF
Luciano Hang, dono da Havan
Apoiador de Bolsonaro declarado desde 2018, Luciano Hang é um dos fundadores da Havan, rede de lojas de departamento. De acordo com a Forbes 2021, ele é uma das pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna de R$ 15 bilhões. Também no ano passado, Hang ganhou repercussão nacional ao prestar depoimento na CPI da Covid. No final do relatório, ele foi um dos 68 indiciados entre pessoas físicas e empresas. O relator Renan Calheiros (MDB-AL) fez o pedido de Hang por incitação ao crime.
Ele faz parte do grupo em que as mensagens foram trocadas, mas não aparece nos prints divulgados pelo Metrópoles.
José Koury, do Barra World Shopping
Proprietário do Barra World Shopping, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, José Koury teria sido o autor da mensagem “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo.”
O estabelecimento de Koury é um shopping temático que reproduz a arquitetura dos principais monumentos ao redor do mundo, tais como a Torre Eiffel, de Paris, e as Pirâmides do Egito. O shopping na capital fluminense tem cerca de 400 lojas.
Na matéria original, Koury disse não defender a ditadura, mas que “talvez” preferisse o golpe. “Vivemos numa democracia e posso manifestar minha opinião com toda liberdade. Não disse que defendo um golpe de Estado, e sim que talvez preferiria isso a uma volta do PT. Para mim, a volta do PT será um retrocesso enorme para a economia do país”, afirmou o empresário.
Afrânio Barreira, do Coco Bambu
O dono da rede de restaurantes Coco Bambu, famosa pelos pratos com frutos do mar, respondeu a mensagem de Koury com um emoji de um rapaz aplaudindo. Barreira é um empresário do ramo da gastronomia desde 1989, quando inaugurou o Dom Pastel, em Fortaleza.
Atualmente, à frente do Grupo Coco Bambu, faturou mais de R$ 1 bilhão em 2021. Declaradamente bolsonarista, ele se manteve aliado ao presidente durante toda a pandemia quando criticou o isolamento social e apoiou o tratamento precoce, alinhado ao uso da cloroquina – sem eficácia comprovada.
Em maio deste ano, em entrevista ao canal Em Cima do Muro, do Youtube, o candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) o chamou de “vagabundo” e “sonegador” de impostos”. À época, a assessoria do restaurante se pronunciou acerca das acusações e o empresário foi defendido pelo filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Ao Metrópoles, ele afirmou desconhecer o teor da conversa.
Ivan Wrobel, sócio da W3 Engenharia
Com mais de 45 anos de mercado, a construtora W3 Engenharia opera na cidade do Rio de Janeiro. Wrobel é um empresário de família polonesa judia. Ele estudou no Instituto Militar de Engenharia (IME) durante a Ditadura Militar. Sobre a matéria publicada pelo Metrópoles, Wrobel disse que “se trata de fake news”.
José Isaac Peres, controlador da administradora de shoppings Multiplan
Peres é outro empresário carioca da lista. Economista, ele é fundador e acionista do grupo Multiplan, rede de shoppings espalhados pelo Brasil, o que o rendeu um patrimônio de US$ 1,5 bilhão, de acordo com o ranking dos bilionários da Forbes, de 2018. No passado, fundou a incorporadora e promotora de vendas de imóveis Veplan Imobiliária.
Luiz André Tissot, da Sierra Móveis
O gaúcho pertence a uma família tradicional na manufatura de artigos de madeira e é dono da Sierra Móveis, especializada em móveis de luxo. A empresa foi fundada em 1990 em Gramado (RS) e tem 72 lojas em todo o Brasil e em outros oito países.
Luiz André Tissot — Foto: Reprodução
Luiz André Tissot — Foto: Reprodução
Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, da Mormaii
Dono da marca de roupas de surfe, ele teria disparado a mensagem “O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e, ao mesmo tempo, deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top, e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro. (…) Golpe foi soltar o presidiário! Golpe é o ‘Supremo’ agir fora da Constituição! Golpe é a velha mídia só falar m…”.
A Mormaii tem mais de 30 franquias, 15 estúdios fitness e 100 atletas, segundo o site oficial da empresa. Em sua defesa, Morongo disse que não apoia atos ilegítimos.
Meyer Joseph Nigri, fundador da Tecnisa
O empreiteiro Meyer Nigri, fundador da Tecnisa é um dos empresários mais influentes junto ao governo federal. No dia 8 de agosto, de acordo com o Metrópoles, ele teria encaminhado um texto com diversos ataques ao STF. “Leitura obrigatória”, dizia a mensagem, que não foi escrita por ele. “O STF será o responsável por uma guerra civil no Brasil.”
Meyer Nigri — Foto: Agência O Globo
Meyer Nigri — Foto: Agência O Globo