O caso da abordagem abrupta a um adolescente negro, dentro de um ônibus escolar, em Imbituba, realizada por policias militares, continua repercutindo no município. Amigos e familiares acreditam que a motivação da abordagem teria sido racismo, uma vez que a vítima não estava envolvida na razão pela qual a polícia foi acionada. Na manhã deste sábado (13), mais de uma centena de manifestantes se reuniram para promover um ato pacífico antirracista, em repúdio à ação dos oficiais. O protesto começou às 10 horas, em frente ao Supermercado Tieli, passou pelas ruas Ernâni Cotrim, Nereu Ramos, onde parou, por cerca de meia hora, para discursos emocionados da mãe da vítima e de líderes de movimentos antirracistas, e Irineu Bornhausen, além de percorrer a Avenida Santa Catarina antes de retornar à rua Nereu Ramos e se encerrar, no local onde se iniciou.
Assista ao vídeo em que a mãe da vítima exige justiça e o fim do racismo
“Nós, em primeiro lugar, precisamos dizer que, às vésperas do Dia dos Pais, poderíamos – e mereceríamos – estar em casa, aproveitando uma celebração familiar. Mas esses momentos se fazem essenciais na luta pela justiça. Estamos numa cidade que se diz “turística”, ou seja, que quer acolher aqueles que vêm à cidade, mas o racismo é escancarado por meio do poder público, neste caso, a Polícia Militar. É necessária essa resistência, o povo na rua, se manifestando, se organizando, dizendo que a condição humana exige, sobretudo, respeito. E é por isso que vamos acompanhar este caso até o final”, disse Genésio Silva, liderança sindical e antirracista de Imbituba.
Confira mais um recorte da manifestação popular em Imbituba
Relembre o caso
A questionável apreensão de um adolescente negro aconteceu na última quarta-feira (3) e foi filmada por uma das testemunhas do ocorrido, em frente ao prédio da Secretaria Municipal de Educação, na Avenida Dr. João Rimsa, em pleno centro da cidade, por volta das 17h30. A abordagem se deu dentro de um ônibus de transporte escolar lotado de crianças, em Imbituba, e gerou indignação e pedidos de justiça por parte da população do município.
Segundo o advogado da família, Paulo Marcos da Silva, como o caso se passou em um veículo da prefeitura, a promotoria se mobilizou e procurou a vítima para ouvi-la, assumindo as investigações do ocorrido. Se for verificado o crime de racismo, o próprio Ministério Público será o titular da ação. Em caso de confirmação de injúria racial, a ação passa a ser responsabilidade dos familiares do menor e o MP também será titular.