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Um Romance de Carnaval – O mais novo conto de Dario Cabral Neto

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“Tudo, mas tudo que neste texto relato é a mais pura ficção, mas claro alguém vai se identificar com o texto, isto – não é culpa minha.”

Fevereiro de 1972 o Atlético estava enfeitado, uma pobre decoração de Carnaval, uns treco enrolado aqui e ali, nada mais que isto, entretanto, os foliões após terem passado pelo crivo do “pode ou não pode entrar” buscavam suas mesas.

Uma bandinha formada pelos músicos locais ajustava seus instrumentos, num esquenta rapidinho. Olhares de aprovação, outros nem tanto, mesmo no Carnaval alguns narizes torcidos apareciam, normal para um lugar tão “chique”.

Manoel custou a adquirir o “Título de Sócio” vendeu duas vaquinhas lá no sítio e com o dinheiro dos berros veio ter um ano antes à compra deste “Título”, bom; um sítio é uma fazenda em miniatura, portanto Manoel era um “Micro Fazendeiro” e com esta proposta conseguiu ser “Sócio”.  Ali na mesa 24 Manoel sorria boquiaberto pelas moças lindas que vestindo suas fantasias rebolavam suas ancas antes do baile começar.

No outro lado do salão uma moça de tez macia e maquiagem um tanto carregada, parte da fantasia; creio eu, também olhava a robustez dos rapazes que bebiam sem rebolar as ancas.

Olhares iam e vinham entre mesas e risos nesta libertação mundana, época de liberar o eu escondido nas fantasias de Carnaval. Olhares que buscavam encontros, um romance quem sabe, um flertar apenas pela bebida já fazendo efeito.  Olhares e sorrisos largos fantasiando pelos giros dos foliões ao som das marchinhas, mão na cintura da moça adiante e assim a tripa seguia serpenteando pelo salão cuspindo confetes que jogados de propósito muitos até hoje ainda tem presos nos pulmões.

Manoel Micro Fazendeiro descobre o olhar de Mirabel lá no outro lado do salão, o rosto toma cor e um calor lhe sobe à face, um sorriso trocado, outro retribuindo, a mão se eleva mostrando o copo quase vazio de Mirabel, Manoel percebe que a abertura foi dada e entre o que eu faço e o que realmente devo fazer, levou dois minutos para tomar a decisão, levanta buscando ar e coragem, lá no sítio não tem tantas moças assim.

Manoel desvia dos foliões buscando o melhor caminho, se afoga com um punhado de confete que um guri alto e magrelo, com os cabelos crespos e fantasiado de Tarzan, (qualquer semelhança comigo é mera coincidência) lhe acertara de cheio e já sumira no meio da turba envaidecida. Manoel olha buscando olhar os olhos de quem busca, mais um pouco e enfim chegou à mesa da moça que para ele “Linda”, arfou  o ar confetado e cuspindo discretamente um pedaço de serpentina, sorri seu melhor sorriso, endireita a cinta da calça, empolando o peito feito galo de terreiro.

A moça até então sem nome, sorriu; Manoel senta-se e busca o rapaz da bebida que se atracava com uma loira, escondido pela cortina da janela alta. Demora mas vem o rapaz, um tanto destoado dos demais, efeito do trato, ou era assim mesmo, Manoel pede uma bebida para si e pergunta o que a moça gostaria de beber, a voz da dita saiu forte, quem sabe pelo barulho, ou efeito da bebida, pensou Manoel.

Manoel pergunta o seu nome e ouve um pouco mais da voz, cuja dona lhe agradara tanto.

– Mirabel! Mi para os íntimos; apresenta-se a moça, perdendo este predicado.

– Manoel! Muito prazer; faz o mesmo numa voz trabalhada, rouca e poderosa.

E o mundo girou neste pequeno espaço de tempo, na coragem dos goles e o rubrar das faces, Manoel e Mirabel saem rodopiando pelo salão, não por vontade e sim pela força da tripa que aquele guri magrelo dava direção agarrado na cintura de uma morena clara, mais clara que morena.  Manoel pulou e dançou sempre com Mirabel protegida pelos seus braços de homem de sítio… Ops! Micro Fazendeiro, Manoel sentiu a cintura rija de Mirabel agora sua “Mi” e veio à vontade que crescia e crescendo Manoel furtivamente rouba um beijo, Mirabel sorri e no sorri mostra pontinhos negros no buço; Manoel nem aí para isto encorajado beijou e beijou como urso no mel.

A noite passa célere nestas horas de prazer, deixando a vontade presa e um grito de desejo feito nó na garganta e por falar em nó o de Mirabel era um tanto, assim, como posso descrever “grande”, Manoel sentiu a mão de Mirabel na sua coxa, claro tudo escondidinho por debaixo da toalha da mesa, a mão subia, Manoel arregalava os olhos, a mão subia, Manoel se endireita na cadeira chegando-a mais para perto de Mirabel.

Um calor em desejo transformado leva Manoel à loucura, retribuir seria relativo, ponderado, desejado, equivalente, libidinoso… AH! Manoel começa a retribuir as carícias, sua mão segura o joelho de Mirabel, olhares trocados, sorrisos discretos dizendo sobe mais… Manoel encorajado atende e sente na sua mão a coxa forte de Mirabel, outro sorriso, incentivo animalesco deste tudo vale, Manoel chega à virilha de Mirabel, o sorriso se alarga nos lábios da moça, poderoso Manoel pensa no clímax do seu desempenho, ainda aperta a base da coxa, extrai um gemido de Mirabel, que revira os olhinhos negros como noite sem luar, um suspiro profundo liberta sua garganta, Manoel experiente Micro fazendeiro toca-lhe o ventre….

Como se o mundo parasse e parou, Manoel paralisado ainda segurando na mão o relativo a um meio braço, seus olhos buscam na realidade a fuga deste pesadelo, mas já era tarde, Mirabel fala no seu ouvido numa voz de locutor e FM não para Manu…el, num para….

Manoel sente uma dor no peito, um coração partido, e aquela vontade de se jogar pela janela; só não fez porque o guri magrelo atira-lhe mais um punhado de confete boca adentro.

Nessa época de tudo pode e tudo é normal, Manoel encrava-se no sítio em retiro, quero dizer Micro fazenda, volta e meia quando leva o Malhado para o pasto sente uma saudade, que esconde fundo no peito.

Fim!

Com 45 anos dedicados a criação de histórias e a produção de livros, Dario Cabral da Silva Neto, de 60 anos escreve poesias e se dedica ao desenvolvimento de romances. Dos 20 títulos já escritos, oito foram publicados.

Entre 1973 e 2000, Dario era, exclusivamente, poeta, mas em 2000, decidiu se transformar em romancista. Entre as surpreendentes obras, que são vendidas por R$ 30, estão os clássicos Catador de Sonhos, Uma Questão de Amor, A Ravina, Pétalas de Amor, O Segredo de Melissa e a Caminhada do Zé Mundão.

Os livros escritos por Dario não tem um foco religioso, mas trazem mensagens espiritualizadas. 

Para adquirir as obras de Dario basta realizar contato com o escritor pelo Messenger do Facebook (in box) ou pelo telefone (48) 999378198. 

Opinião:
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal AHora

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