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No retorno do escritor e poeta Dario Cabral Neto à coluna, uma linda garantia: “Sempre haverá um pôr do sol”

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Quem somos? Perguntou o mendigo.O que estamos fazendo aqui?Perguntou o andarilho.Quem você pensa que é? Perguntou aquele que nada tem, mas que pensa que tem.Sempre haverá um pôr do sol esperando pelo nosso entardecer. Crisálidas se abrirão e lindas borboletas estarão pairando sobre flores de muitos jardins, jardins sem donos, jardins de praças cheias de bancos vazios, jardins com enamorados rolando de um lado para outro o seu skate. Promessas serão escritas em folhas lindas com bordas bordadas, um sorriso largo será mostrado por detrás de uma vidraça bem limpa, tudo será distribuído conforme os desejos de cada um e, mesmo assim, um pôr do sol estará em nosso fim de tarde.  Pessoas estarão em suas cadeiras de balanço, outras a caminhar com fone no ouvido querendo o eu interior, outras mais labutando o pão escasso de cada dia, idosos fazendo fila, mães com sacolas e pais fazendo contas para o carnê do fim de mês.E mesmo assim haverá um pôr de sol a esperar no fim de cada tarde, única, imutável, e eterna tarde de cada um. Haverá aquela vermelhidão misturada com um amarelão, ali por detrás do morro, manchando céu tão disputado. Somos um amontoado de seres individualistas, consumindo o indivíduo, dentro deste passo sem marcas e sem sombras, os copos de cervejas, nos amontoados de praia acumulando lixo. Quem somos? Não mais paramos para olhar o alheio com maior cuidado, como o olhar amigo e acolhedor, o todo descrito no indivíduo. Uma bandeira sem cor, um destino sem pôr de sol, somos parte da maré alta devolvendo nossas latas, as minhas xepas de cigarro, em outros, lágrimas, e em mais alguns. apenas a pele queimada, um bronzeado e aquela marquinha branca tão desejada. A criança ainda grita, sugere o afeto, implora o seio. Na mesma loja, o doutor e o peão compram óculos, a madame e a doméstica reclamam do preço, e ficam os fieis discutindo dogmas nas praças sem luz, colocamos marcações favorecendo  aqueles que delas precisam. No entanto, não podemos usufruir delas e, contudo, o entardecer vem, amainado o mar revolto, acalmando o vento torto, lavando passos e mesclando o céu com seu pôr do sol. Estaremos aqui amanhã, é certo, se não, foi nosso último pôr do sol. Avemos as nossas horas em aprendizado, nos nossos erros, nas nossas escolhas, uma mão é estendida outra retraída, negada, e o chão será alento neste amontoado de escolhas. O não ter onde ficar leva o mundo nos passos, o passado num mistério, acordos são feitos, são traídos, são impostos, esquecidos, quebrados, e mesmo assim haverá pôr do sol.Será pródigo o filho que volta, ou será a volta pródiga ao filho que se afasta? Não sei. Ainda estou no caminho, a luz ainda é a mesma para todos, o que muda é minha e a nossa maneira de olhar, depende de quantos tijolos colocamos ao derredor do coração, da fresta que possibilita a visão de mundo, do ego inflado pelo título de papel, pois fazer-se merecedor seria deveras cansativo. O que buscamos? Neste melhor de si, de nós, do alheio… Se a placa de preferencial é apenas mais uma coisa a ser ignorada, a seta que não é dada, o escárnio arrogante do ego que grita tanto e libera gazes nas bocas de lobo. Agonia da lagoa, da restinga, da praça, da avenida que recebe radar e não oferece condição, o que buscamos? Seria apenas a discórdia pessoal, o estou de mal com o mundo, sou rebelde sem causa? Invariavelmente, de tudo um pouco. Sou eu e somos nós buscando aprendizados. Sei, haverá aqueles que dirão: “quanta besteira”.  Verdade. São besteiras que fizemos no dia a dia e mesmo assim haverá pôr de sol. E canta o andarilho rindo do caos: “E agora, José?”, levando um saco de nada nas costas e rindo do mundo. Ali na frente encontra o mendigo esmolando carinho, amor, esperança. Mais a frente o soberbo no carrão com mandado de busca e apreensão, incoerentes entre si e todos iguais no todo, cada qual na mesma proporção, um pedaço de si mesmo, e mesmo assim, haverá um pôr do sol na tarde de cada qual. 
Risca a caneta tão famosa no seu tom AZUL. E freme a ignorância riscando as carteiras escolares, lares sem teto, becos sem luz, praças sem guris. Mesmo assim, não sabemos dizer o que estamos fazendo aqui! Pena, diz, o poeta no seu devaneio lúdico das parábolas criadas em cada um. Filosofa o sem caso, os casos das escolhas de das custas deste processo de escolha. E cala o sensato, que apenas trava a língua no olhar de mundo.  E cai a fatia de pão com a manteiga para baixo, mostrando que nada é como se pensa e muito menos como se deseja, Chega, enfim, o pôr do sol…Todos sentados nos mesmos bancos, contando juros amealhados das escolhas, acende a primeira lâmpada e a segunda apenas pisca; ladra o cão vadio, espalham-se os peixes na areia nem tanto limpa, milhares de imagens aprisionadas nos celulares, a onda imperfeita liberta o melhor grito, garantindo a onda na história gravada. Olhamos todos incrédulos pela velocidade do tempo e o ano chega ao seu final.Um reencontro, um abraço, um beijo roubado, um aperto de mão, um olhar furtivo, um sorriso solto, um passo de dança ‘sem querer querendo’ libertando a criança, o sentar num banco contando causos, um muito obrigado e volte sempre e o sempre será também o do pôr do sol em cada um.A gentileza gera gentileza, amor gera amor, sorriso gera sorriso, a mão que se estende, impar no desejo, não saberá se ergue ou se sustenta, o abraço no largar o bico, o boletim farto em crédito libera aprendizado, e numa folha solta grava-se um poema de amor num pôr do sol…Gostei de ter voltado,Feliz fim de ano e um próspero ano novo.Dario. ____________________________________________________________________________________________SOBRE O COLUNISTA: Com 45 anos dedicados a criação de histórias e a produção de livros, Dario Cabral da Silva Neto, de 60 anos escreve poesias e se dedica ao desenvolvimento de romances. Dos 21 títulos já escritos, nove foram publicados.o mais recente “Redescobrindo a Vida”.Entre 1973 e 2000, Dario era, exclusivamente, poeta, mas em 2000, decidiu se transformar em romancista. Entre as surpreendentes obras, que são vendidas por R$ 30, estão os clássicos Catador de Sonhos, Uma Questão de Amor, A Ravina, Pétalas de Amor, O Segredo de Melissa e a Caminhada do Zé Mundão.Os livros escritos por Dario não têm foco religioso, mas trazem mensagens espiritualizadas. Para adquirir as obras de Dario basta realizar contato com o escritor pelo Messenger do Facebook (in box) ou pelo telefone (48) 999378198. 

Opinião:
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal AHora

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