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À FLOR DA PELE: Segundo texto da coletânea Ansiedade Contemporânea aborda o impacto da tecnologia no desenvolvimento do cérebro humano

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Coletânea Ansiedade Contemporânea

Memória do Século XXI

“Estamos ficando mais burros, e a culpa é da internet.” – Nicholas Carr, jornalista e finalista do prêmio Pulitzer de 2011 na categoria Não Ficção Geral. 

Chocante esta afirmação, não? Afinal, a tecnologia está sendo um marco “super positivo” na evolução mundial. Entretanto, vamos aos fatos: a grande maioria dos jovens estão tendo crises de ansiedade e depressão aos 12 anos? Acho que até menos, 10 anos? As pessoas estão cada vez mais imediatistas, e viciadas em likes, Instagram e várias outras redes sociais; crianças preferem os jogos que brincar na rua e socializar com os amiguinhos; pessoas que partem para a adolescência, estão se identificando e tendo como referência, personagens da internet como youtubers e celebridades virtuais, ao invés dos pais, avós ou pessoas “físicas”. Enfim, percebe-se que as pessoas dos 30 anos para menos, estão ficando, cada vez mais, parecidas com robôs. Por que isso acontece?

Depois de algumas semanas de estudo, cheguei às seguintes conclusões:

1. Sistema cognitivo cerebral mais preguiçoso

O computador é uma inteligência artificial que “imita” o cérebro humano e suas funções. Com maior agilidade, pode solucionar problemas rapidamente apenas com um click. Quem dera todos os nossos problemas pudessem ser solucionados com um clique, né? As tecnologias digitais vêm alterando a forma como as pessoas interagem, inibindo a interação física.

Certa vez, quando estava em processo de terapia, perguntei ao meu psicólogo por que eu sentia medo de perder as pessoas próximas, – claro que, ao natural, todos sentimos medo de perder pessoas queridas, porém eu estava tendo crises de ansiedade e insônia por causa disso – porém, naquela época, eu estava assistindo a série Grey’s Anatomy (super recomendo), e nesta, mostrava o quão fácil era perder pessoas por motivos de acidente, questões de saúde, etc… Eu estava viciada nesta série. O psicólogo sugeriu que eu pesquisasse sobre por que eu estava tendo aquelas sensações, e pasmem: o nosso cérebro não sabe diferenciar o real do fictício, logo eu estava transferindo para realidade o pavor de perder as pessoas porque eu estava assistindo diariamente algo que demonstrava isso. E, relacionando com o computador que imita o cérebro humano, conclui-se que estamos suscetíveis a raciocinar rapidamente através das redes sociais, tornando para nós e nosso cérebro, uma realidade. Porém o mundo não é movido somente a likes e comentários no Instagram, certo? Muitos críticos da internet visam a superficiabilidade dos usuários ao demonstrarem seu dia a dia nas redes sociais. Afinal, não mostram a realidade, e sim, apenas as coisas boas de suas rotinas fantásticas. 

2. Crianças com tecnologia desde o berço

Atire a primeira pedra quem já não falou que “na minha época éramos crianças de verdade”? Quem viveu a infância nos anos de 1980, sabe muito bem do que estou falando. Mas com a evolução da tecnologia, que começou com os joguinhos da cobrinha e se estendeu para os Playstations e Nintendos, – tô vivendo uma nostalgia neste momento – o isolamento social começou a se tornar algo real. Afinal, as crianças acham confortável viver no mundinho delas de fantasia, ainda mais sem nenhum amiguinho para discordar de suas escolhas de brinquedo e brincadeiras. E é por conta da tecnologia que estão assim. A obesidade e sedentarismo infantil vem crescendo significativamente e os desenvolvimentos básicos de comunicação e escrita, já estão voltados a apenas siglas como ‘vc’, ‘ily’, ‘tbt’… Ligação por celular é coisa do passado, agora é só deixar um recado no Whatsapp e se muito urgente, aí sim, uma ligação.

O desenvolvimento cerebral destas crianças são baseadas em computadores, logo, ao chegar na fase adulta, perceberão que nem tudo é tão rápido, gerando então, a dita cuja ansiedade. Percebe-se que os níveis de deficit de atenção vem crescendo cada vez mais em crianças, pois nos primeiros passos, já veem um celular filmando elas e, já que são naturalmente curiosas, querem saber mais sobre o brinquedo digital. E esses aparelhos acabam virando as babás eletrônicas. Segundo o artigo “A Influência da Tecnologia na Saúde Física e Mental da Criança”, as crianças estão substituindo atividades lúdicas que envolvem esforço físico, pelas novidades eletrônicas – que são fáceis, atrativas e que não precisam de esforço físico. Não seria a hora de mudarmos a situação destas crianças? Determinar um horário específico para mexer em eletrônicos? Afinal são cérebros em desenvolvimento de que estou falando, não apenas crianças manhosas e/ou rebeldes. E o que entendemos sobre isso?

O jornalista que mencionei no início do texto, Nicholas Carr, menciona em suas obras que “a mente do internauta fica caótica, poluída, impaciente, incapaz de focar em apenas um assunto e com menos capacidade para pensamentos aprofundados”. Para o autor, a quantidade de informações que a internet dissemina, deteriora o cérebro em um nível físico, atingindo as conexões e circuitos cerebrais responsáveis pela capacidade analítica de processar informações, com resultados desastrosos para a memória de longo prazo, afetando então, a criatividade. Estudiosos apontam que, ao navegar na rede, os internautas entram em um ambiente que promove a leitura superficial, raciocínio apressado e distraído e aprendizado superficial. Logo, todos são donos da verdade, afinal toda e qualquer tipo de informação está disponível para todos, e quem discordar? Deixa de seguir, vira hater, e muitas vezes acaba arrumando brigas em seu grupo por discordâncias. Poucos buscam informação segura, de cunho científico e até mesmo estudam através de livros, afinal tudo está disponível na internet no formato de resumo. E a memória das pessoas? Vai se tornando cada vez mais rasa. Não será melhor mudar esses hábitos antes que o Alzheimer tome conta dos jovens?

Exercite seu cérebro! Esta é a melhor demonstração de amor-próprio! Não é necessário compartilhar frases de motivação nas redes, e sim motive-se e seja uma pessoa mais saudável! Leia um livro! Faça caça-palavras ou cruzadinhas no papel! Mas tente não ser um robozinho. A vida não é só rede social. Até o escritor mencionado mais acima precisou desligar-se das redes para produzir seus livros de renome, faça o mesmo! Não precisa escrever livros, mas faça algo fora dos videogames e computadores! A vida é uma só, vamos deixar sermos controlados por robôs? 

No próximo artigo desta coleção, falarei sobre A Visão Social da Ansiedade, o que as pessoas realmente pensam deste tema. Até a próxima!

Opinião:
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal AHora

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