A urbanista, designer de projetos regenerativos, educadora, “artivista” (pessoa que usa a arte para defender causas) e cantora, May East, vai estar em Laguna neste sábado (21) para o lançamento, com sessão de autógrafos, de seu livro “E se as Mulheres Projetassem a Cidade?”, pela editora Bambual.
O evento terá início a partir das 10h30, com Roda de Conversa mediada pela arquiteta, urbanista e professora Katia Véras, com participação da também arquiteta, urbanista e professora, Matilde Villegas, na Livraria Coruja Buraqueira, na Praça República Juliana, bem no Centro Histórico.
Reconhecida internacionalmente, a paulistana, PhD em Arquitetura e Planejamento Urbano pela Universidade de Dundee, realizou relevantes trabalhos para a ONU em áreas relacionadas à sustentabilidade, educação e regeneração urbana. May East recebeu diversos prêmios importantes, como o “Mulher da Década em Sustentabilidade e Liderança”, pelo Women Economic Forum, e desde 2013, escreve artigos para os jornais The Scotsman e The Guardian.
Nascida Maria Elisa Capparelli Pinheiro, May conta que sua obra literária resulta de uma pesquisa profunda com centenas de mulheres, revelando a importância de suas vozes na criação de espaços urbanos mais inclusivos e regenerativos. O livro explora como o planejamento urbano, historicamente dominado por perspectivas masculinas, pode ser transformado ao incorporar as experiências e necessidades das mulheres.
O livro apresenta 33 pontos de alavancagem para tornar as cidades mais democráticas e funcionais para todos os seus habitantes. Baseando-se em entrevistas com 274 mulheres de cidades escocesas como Edimburgo, Glasgow e Perth, May East propõe uma reimaginação dos espaços urbanos que prioriza a sustentabilidade e a regeneração.
Ecovilas e educação para o desenvolvimento sustentável
May é uma das co-fundadoras da Global Ecovillage Network e viveu 15 anos na Findhorn Ecovillage, no Reino Unido, onde estabeleceu uma nova vertente de Educação para o Desenvolvimento Sustentável oferecida a numerosos grupos universitários e escolares, bem como por organizações profissionais e municípios em todo o mundo. Ela apoiou a inclusão das ecovilas na agenda da ONU, tecendo alianças institucionais e técnicas com a UNESCO, UNITAR, UN-Habitat e ECOSOC e também é co-fundadora e mentora dos ‘eco-bairros’ – movimento de bairros ecológicos no Brasil.
Atualmente, a multifascetada May East, que iniciou sua carreira musical nos anos 1980, ao lado do genial Júlio Barroso, como vocalista da banda Gang 90 & As Absurdettes, é uma referência em design de projetos regenerativos, integrando perspectivas culturais e ecológicas no desenvolvimento urbano. Seu trabalho enfatiza a importância de considerar as experiências femininas no planejamento das cidades para promover ambientes mais equitativos e sustentáveis.
Coruja Buraqueira: resistência cultural em Laguna
Livraria de rua com produção cultural e curadoria dedicada a editoras independentes e livros nas áreas de literatura, sociologia, filosofia e artes, a Coruja Buraqueira é um lugar incrível em Laguna! Verdadeiro símbolo de resitência cultural, o charmoso e aconchegante espaço oferece acervo inteligente, excelente atendimento e ótimos cafés e chás de várias partes do mundo, preparados com técnica e carinho.
Situada em um belíssimo prédio histórico, que foi reformado preservando suas características com estética moderna, a livraria e café, aos fins de semana e em outras datas especiais, ganha ainda mais vida com programação cultural variada, com apresentações de artistas de diversas frentes, saraus, palestras e rodas de conversa, sempre com convidados muito especiais,
“A coruja Buraqueira fica muito feliz de poder acolher eventos que ampliam o olhar crítico sobre a vida humana, principalmente com práticas que avançam no sentido da transformação da realidade de forma positiva. Uma livraria como a Coruja Buraqueira é resistência nos atos e nas formas de se propagar as ideias, seja com o lançamento de livros, falando sobre livros ou escrevendo livros. Em todos os seus aspectos de multiplicação das palavras”, afirma o produtor cultural e proprietário da Coruja Buraqueira, Arnaldo D Amaral Pereira Granja Russo.
Carreira diversificada
May East iniciou sua carreira musical nos anos 1980, ao lado do cantor e compositor Júlio Barroso, na Gang 90 & As Absurdettes, grupo pioneiro da new wave brasileira. Em 1981, a banda lançou-se nacionalmente no Festival MPB–Shell com a música “Perdidos Na Selva”, lançada em compacto. Em 1983, a música “Nosso louco amor” foi escolhida para abrir a novela da Globo Louco Amor.
Em 1982 foi colaboradora do grupo independente de videoarte TVDO e, em parceria com o produtor Nelson Motta, coproduziu o programa Mocidade Independente para a TV Bandeirantes.
Em 1984 ela lançou seu primeiro compacto solo, “Índio/Fire in the Jungle”, no Brasil, Holanda e Japão, com a EMI. “Fire in the Jungle” se tornou a trilha sonora do filme Areias Escaldantes, do diretor independente Francisco de Paula.
Lançou, em 1985, o seu primeiro álbum solo, antes de se mudar para a Inglaterra e, em seguida, para a comunidade escocesa e ecovila de Findhorn, onde se concentrou no ativismo ecológico e começou a dar palestras e seminários. No fins dos anos 1990, ela lançou os álbuns Cave of the Heart (com o coro comunitário de Findhorn) e Cosmic Breath (com o ex-marido Craig Gibsone); e ainda 1001 Faces (álbum solo) em 2002.
Educadora em Sustentabilidade
May East desempenhou um papel de destaque no desenvolvimento de relações entre a Organização das Nações Unidas e a ecovila Findhorn, que culminaram na criação da CIFAL Escócia em 2006. O centro de treinamento afiliado ao Instituto das Nações Unidas de Treinamento e Pesquisa (UNITAR) no norte europeu opera há mais de 10 anos como um centro de capacitação, liderança e compartilhamento de conhecimento entre autoridades locais e regionais e organismos internacionais, o setor privado e a sociedade civil sob o comando de May East.
Ela é cofundadora e atuou como diretora executiva da Gaia Education, um consórcio internacional de designers e educadores de sustentabilidade que realiza programas de desenvolvimento sustentável em 55 países nos mais diversos estágios de desenvolvimento, em contextos urbanos e rurais.
Desde 2010, desenvolveu uma série de atividades de Aprendizagem Baseada em Projetos para apoiar comunidades tribais e migrantes e suas tradições para sobreviver em ambientes de mudanças rápidas e, ao mesmo tempo, aumentar suas oportunidades de se tornarem designers do futuro que desejam. Os projetos promovem abordagens integradas ao manejo da terra em solos mais saudáveis, rendimentos nutricionais e maior resiliência climática.
May foi incluída durante três anos consecutivos (2011, 2012 e 2013) na lista das 100 Global Sustain Ability Leaders (maiores lideranças globais em sustentabilidade), concebida e produzida por Ken Hickson, presidente/CEO da Sustain Ability Showcase Asia e ABC Carbon. A lista reconhece 100 pessoas de todo o mundo que estabeleceram liderança no campo da sustentabilidade.
Ela contribuiu com um capítulo de suas descobertas no livro From Conflict to Inclusion in Housing: Interaction of Communities, Residents and Activists.
Urbanista Internacional
Fellow da UNITAR, May é Mestre em Planejamento Espacial, com especialização em reabilitação de vilas e cidades abandonadas no sul da Itália. Como urbanista internacional e designer regenerativa, ela investiga e promove o papel das mulheres em trazer vitalidade e viabilidade para bairros, eco-comunidades, cidades mineradoras, assentamentos informais e aldeias tradicionais.
Ela contribuiu para o movimento de Transition Towns (Cidades em Transição) a partir de 2008, conduzindo capacitações na China, Tailândia, Israel, Portugal, Brasil, Índia, Senegal, Itália, Chile e Reino Unido, e facilitando o planejamento participativo de cenários de futuro, back-casting e atividades de conscientização sobre mudanças climáticas.
Hoje, May trabalha com o desenvolvimento e promoção de bairros de 20-minutos que oferecem às pessoas a capacidade de atender a maioria de suas necessidades diárias com apenas uma caminhada de até 20 minutos de casa.