Ex-jogador da Seleção Brasileira de Handebol, Gean Carlos Fermino recebeu um presente raro e especial, aos 41 anos, justamente no ano de Olimpíadas no Brasil. Ele ganhou do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) uma nova chance de participar do maior evento esportivo do planeta, desta vez conduzindo a Tocha Olímpica.
De quebra, o Tigrão, como é conhecido no mundo do Handebol, vai trazer o símbolo dos Jogos para sua casa, para o povo imbitubense que há 20 anos acompanhou com aflição seu gesto de amor, de doar um rim que salvou a vida da irmã, mas, que, por consequência, fez-lhe abandonar o esporte às vésperas de jogar uma olimpíada.
“Meu pai já está construindo uma caixa, uma espécie de suporte para colocar a tocha quando eu chegar. Vou guardar com muito carinho, mas levarei a locais públicos para que todos possam conhecer”, promete.
Depois que sua esposa enviou uma carta ao COB narrando a história de Gean, o hoje professor universitário foi indicado para ser um dos condutores da Tocha Olímpica Rio 2016. Ele irá carregar a Tocha no domingo, dia 10 de julho, às 17h55, pelas ruas de Florianópolis.
O TRAJETO
Em entrevista ao AHora, Gean revelou em primeira mão que receberá a tocha na Avenida Madre Benvenutta, no Bairro Santa Mônica e a conduzirá até às proximidades do Shopping Iguatemi.
“Ser escolhido já foi uma baita surpresa, se pensarmos em todo o processo de seleção. Agora já começo a lembrar dos tempos de atleta, de C.M.E., de Seleção onde só o fato de chegar já foi excepcional, mas carregar a tocha simboliza, para mim, ir às olimpíadas 20 anos depois. É uma emoção que ainda vou ter de parar, com calma, e internalizar para dar o valor real”, conta Gean.
CARREIRA VITORIOSA NO HANDEBOL INTERROMPIDA POR UM ATO DE AMOR
Entre os vários motivos que o levaram a ser um dos escolhidos estão sua bela e vitoriosa trajetória no esporte, mas também o ato de amor e coragem em 1996.
O imbitubense fez uma carreira vitoriosa no handebol, iniciada em Imbituba e depois no Colegial, de Florianópolis. Na forte equipe brasileira dos anos 1990, suas excelentes atuações o levaram à Seleção Brasileira, onde jogou ao lado de grandes nomes, entre eles, Bruno, eleito melhor jogador do mundo.
Em 1995 foi ao Mundial Junior, na Argentina, mas no ano seguinte, quando se preparava para disputar uma vaga às Olimpíadas de Atlanta (EUA), sua irmã, Maria Helena necessitou de um rim para seguir viva e, único doador compatível, Gean não hesitou em abdicar do seu sonho pela vida da irmã.
Na foto: Jean e sua irmã Maria Helena na época do transplante
“Terei muitos motivos para me emocionar no trajeto dessa segunda chance de participar dos Jogos, e o maior é lembrar de tudo que passamos, eu e minha irmã para tê-la conosco. Mas também vou representar a história de um atleta de cidade pequena e quero representar a época do ápice do handebol imbitubense, da C.M.E. do professor Moisés, do Rafael, Clóvis, Juninho, quando conseguimos o 4º lugar nos Joguinhos”, lembra.
O INÍCIO NO ESPORTE
Incentivado pelo pai, João Firmino, que sempre foi ligado ao esporte. Gean começou cedo, aos 11 anos, praticando judô, futebol e handebol, esporte pelo qual, em Imbituba, participou dos Jeimb e representou o município na extinta CME (Comissão Municipal de Esportes). Em 1989, foi estudar na Escola Técnica Federal, em Florianópolis, onde representou a Capital em competições estaduais e nacionais.
Gean sempre esteve ligado ao esporte. Mesmo depois de parar de jogar, o ex-atleta ministrou aulas no curso de Educação Física da Unisul e ajudou a organizar o Mundial de Surfe em Imbituba durante sete anos. Também fez parte da equipe que planejou e definiu o modelo de gestão da Arena Jaraguá do Sul e do Complexo Aquático da Unisul, além de outros projetos estaduais e nacionais.
