Por Maykon Kjellin
Que a cidade de Imbituba é lotada de cultura, todos sabemos, mas o que a Desmontagem Cênica faz no Teatro Usina (Museu) é algo realmente louvável.
Com casa cheia, a “nova” peça intitulada ExtremaMENTE Alice estreou na segunda-feira (18) e foi apresentada por alunos da oficina da companhia de teatro imbitubense. Entre os atores, duas pessoas renomadas que fazem muito pela cultura de Imbituba: João Lourenço e Fillipi Anselmo, professores de teatro e membros importantes da companhia. Eles foram os responsáveis pela peça readaptada estar novamente nos palcos do Teatro Usina.
Segundo a informação do próprio Fillipi, a peça foi criada em 2016 com o intuito de trazer conscientização sobre como as pessoas tentam se encaixar no mundo — algo que ocorre desde que o mundo é mundo — e como a mensagem contra o preconceito deve ser repassada com maior intensidade.
Os alunos de teatro participantes foram: Alice, Ana Beatriz, Andréia, Bel, Bernardo, Carol, Catarina, Gustavo, João Pedro, Letícia, Lucas, Maju, Marco, Mariana e Ritchelly.
Fora dos palcos, muitas vezes os holofotes não chegam àqueles que muito fazem para o trabalho ser impecável. Como sonoplasta e técnico de iluminação, tivemos um show à parte de Vladimir Borges, que, além das funções mencionadas, também cuida do Teatro Usina como um filho. Ele é o responsável pela manutenção, consertos e conservação do espaço, que só é o que é hoje graças à Desmontagem Cênica. Engana-se quem acha que é um trabalho feito apenas no dia da peça. Vladimir se dedica intensamente, estando presente nos ensaios semanais para contribuir com a iluminação e auxiliar no que for preciso.
Ainda sobre a peça, foi notória a emoção do público presente em várias cenas, alternando entre sorrisos e lágrimas. A peça, apesar de ter momentos divertidos, traz reflexões que muitas vezes ativam gatilhos em quem assiste. Afinal, quem nunca tentou se moldar a outras pessoas para fazer parte de algo? Ou então, quem nunca achou que seu jeito de ser não fazia parte de padrões e se sentiu sozinho?
Muito se fala sobre o futuro da área do Teatro Usina, mas não deveria ser debate. Algo que estava abandonado se tornou um palco para grandes atrações municipais, estaduais e até nacionais. A arte deve ser preservada, e é isso que a Desmontagem Cênica faz de forma significativa, esbanjando amor, carinho e dedicação em tudo o que realiza.
Nesta peça, tivemos a estreia de jovens que talvez, um dia, não se encaixaram no padrão de outros grupos ao seu redor. A mensagem passada foi forte e gerou comoção. A transição de palco ocorreu de forma extremamente profissional, com um show de iluminação e agilidade dos envolvidos. O cenário era trocado com maestria e pontualidade. As músicas que compuseram o setlist da apresentação se encaixaram como uma luva para o público, e o resultado ao final da peça não poderia ser outro: quase dez minutos de aplausos ininterruptos por parte dos presentes, todos de pé.
Ao final, em agradecimento, Fillipi Anselmo falou da importância do teatro para os jovens e para eles, que estão há anos lutando pela cultura na cidade. Acompanhado da guerreira cultural Alessandra Santos e de João Lourenço, Fillipi dedicou, pela primeira vez, a peça aos alunos da oficina de teatro. Como sempre, agradeceu ao público por lotar a casa, evidenciando sua emoção ao ser abraçado pela comunidade em algo que faz com amor e carinho.
A peça ainda foi executada mais duas vezes durante a semana, na terça (19) e quinta (21). Todas as apresentações foram sucesso de bilheteria, com casa cheia, como todos que se dedicam a algo gostam e se emocionam ao presenciar. A Desmontagem Cênica é um projeto que merece ser abraçado pela comunidade imbitubense. A arte sempre será arte, e suas mensagens são importantes para reflexões.
