O futebol brasileiro vem sofrendo alterações organizacionais nas últimas décadas, buscando, sempre que possível, a profissionalização dos seus clubes e profissionais. Pensando nisso, o Vila Nova Atlético Clube, de Imbituba, enviou o diretor da sua escola de futebol, o professor de Educação Física Matheus Batista, para o melhor treinamento específico na área em território nacional, promovido pela própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF), órgão máximo do futebol brasileiro. São, ao todo, quatro licenças (C, B, A e PRO) concedidas pela entidade, cada uma delas visando uma diferente área de atuação no esporte brasileiro, englobando até mesmo o próprio futebol da Série A, a elite nacional. Matheus está se formando na primeira delas, a categoria C, para profissionais que trabalham com escolas de futebol.
A CBF Academy é um braço da CBF e já vem, há alguns anos, estipulando novos protocolos pelos quais o futebol brasileiro ainda vai passar nos próximos anos, como modificações na formação de profissionais que vão trabalhar com o futebol, as “escolinhas de futebol”, passando pelas categorias de base, até os profissionais de alto nível. Estas licenças, portanto, dão a condição, junto a CBF, além de entidades internacionais, como a Conmebol e a Fifa, que já reconheceram as licenças C, B, A e PRO como sendo válidas, para a profissionalização, dentro e fora do país. A licença C é para crianças dos 5 até 13 anos, uma variação etária considerada como “escolar”. Apenas depois dos 13 que os projetos são tratados como categorias de base.
“Essas licenças serão, provavelmente, em algum tempo, obrigatórias. Para se trabalhar com o futebol, elas serão exigidas. Por exemplo, na Federação Paulista, hoje, se você quiser trabalhar em qualquer setor do esporte, categorias de base, escolas de futebol, participação em campeonatos, é obrigatório que você tenha alguma licença, seja ela qual for. Se trabalha com escola de futebol no mínimo, tem que ter a licença B. Categorias de base, dos 14 até os sub-23, você precisa ter a licença B. Pra trabalhar com o futebol profissional, precisa ter a licença A. A licença PRO é pro alto escalão da profissão, pra Série A do futebol brasileiro e afins. Essas licenças dão um diferencial profissional aos treinadores, para que conheçam o futebol como um todo, desde as atualizações do mercado até o trabalho de treino diário. Eu sou formado em Educação Física, tenho especializações em Treinamento Desportivo e Futebol e Futsal. Essa licença C vem pra colocar um pouco mais de qualificação no meu trabalho. Eu acho que, como morador de Imbituba, eu devo ser o primeiro a buscar essa formação. É a grande porta de entrada pra esse universo do futebol brasileiro. O meu próximo passo é a licença B”, explicou o professor Matheus.
Segundo o próprio professor, a licença têm a duração de um pouco mais de um ano e a formação funciona em duas fases. A primeira parte, online, conta com o conteúdo teórico e as disciplinas que os profissionais precisam estudar, como em uma especialização acadêmica. É necessário passar por testes, avaliações, pra conseguir o êxito na disciplina. Recentemente, do dia 2 ao dia 7 de agosto, Matheus esteve em Florianópolis, na Ressacada, estádio do Avaí, com excelentes instalações cedidas para a CBF, para realizar a parte prática da profissionalização.
“Terminando essa parte, retornamos à prática online e, por fim, a parte de estágio, quando vou passar por esse período, com um instrutor, em alguma equipe com categoria de base que conte com uma escola de futebol ou mesmo em uma escolinha. É, mais ou menos, um ano de curso. Por fim, temos a parte escrita, com uma entrega de TCC sobre o que foi estudado. É uma licença que não é tão barata, mas te traz um conhecimento diferenciado, altamente atualizado e muito específico para a faixa etária estudada, o que a torna fundamental pra quem tem o desejo de trabalhar com as categorias de base, como eu”, completou.
Futuro Certo
O clube imbitubense já conta com uma bem-sucedida proposta educação esportiva para crianças e adolescentes, o projeto “Futuro Certo”, idealizado pelo ex-atleta profissional, treinador e, hoje, presidente do Vila, Mário Júnior. A busca de Matheus pela especialização promovida pela CBF é uma somatória de sonhos do próprio professor, de Mário Júnior, seu pai, e do Vila Nova, que planeja estender a atuação no Bairro e no município, recuperando o status de grande importância estadual que obteve no passado.
“Nós estamos reorganizando, devagar, o clube, contando com os esforços de várias pessoas, e temos planos pra crescer ainda mais. O Vila tem muita história e peso na cidade. Desta forma, a ida do Matheus atrás dessa profissionalização, além das várias outras formações que ele já tem, vai ser de grande importância pra carreira dele, mas também para os projetos que ambicionamos para o futuro”, declara Mário Júnior.