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Na série de contos de mistério, Dario Cabral Neto relata “O último casamento” no Hotel Itapirubá e o fantasma da noiva que assombra o local

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Quem não conheceu o Hotel Itapirubá? Um fim de semana de verão aproveitando a piscina, uma noite na boate? Imponente e cheio de história, como tinta cobrindo sua estrutura, assim era o Hotel Itapirubá. Entre 1999 e 2000, trabalhei lá. Foi apenas por três meses. Saí porque acabou o hotel. 

Já era um hotel em desespero, agonizava pela crise instalada, porém, permanecia altivo, glamoroso, bem vestido, um senhor por assim dizer, que mantém seu glamour, apesar do bolso vazio. 
Lá eu soube, através das fofocas decorrentes, de alguns casos misteriosos ocorrido no seu interior. Algum tempo antes de minha entrada, não sei dizer quanto tempo, contrataram o hotel para promover as bodas de um casamento.

O espaço decorado, flores vindas de várias floriculturas, o salão nobre todo com suas mesas distribuídas com graça, vasos em cristal  guardavam flores ímpares, a iluminação revisada, tudo dentro do padrão do hotel.

Caravanas de automóveis cruzavam o portão, seguindo ao saguão por uma trilha iluminada com lamparinas. A luz dançando ao vento, deixando ainda mais belo o cenário. Moços contratados estacionavam os carros. Outros recebiam os convidados. A música indicava o salão nobre e as escadas eram enfeitadas com o bom trajar dos convivas. “Lindo”, diziam-me neste relato.

A cerimônia na Matriz, o amor fluindo plenamente num abraço aos noivos, as promessas feitas, o beijo trocado como selo eterno. Embora não fora o primeiro automóvel a cruzar o portão, chegam os recém-casados num belo automóvel. A noiva em branco rendado, calda longa, perfeita e linda! Ele, num terno bem cortado! Lindos!

Sabedores da presença do casal principal, os músicos os recebem com o seu tema de amor. Lágrimas de felicidade.Entram dançando, demonstrando esmero no bailar. 

Risos, bebidas e visitas a cada mesa. Agradecimentos, discurso do noivo, da noiva, dos pais, a noite ia alta, já. 
Não se sabe como ou por que a noiva sai da festa, quem sabe para tomar ar, conhecer o hotel, namorar o recém-esposo, até hoje não se sabe. 

Desceu as escadas, já havia retirado o véu e com ele a calda do vestido, ficando com os ombros a mostra e o decote aberto sem ser demais. Desceu como quem busca um pouco da solidão do pensar em tamanha alegria e felicidade.
Cumprimenta alguns convidados ao descer a escada, procura sair um pouco à noite que, enluarada, faz mais branco seu vestido. Chegou à área das piscinas, o ar mais fresco, o reflexo na lâmina d’água. Vê seu rosto no ondular suave, sorri seu melhor sorriso.

De repente, um grito! Seguido de outros gritos!

Correm convidados, funcionários, familiares, o esposo salta à água e num desespero mergulha. Toma sua esposa nos braços e a traz à superfície. Tenta no boca a boca devolvê-la à vida. Beijos forçados, tão distintos daqueles outros amados. Sem resposta, cai em desespero. Choque!

Acaba a festa, abruptamente, acaba a alegria, cai por terra toda a felicidade. Uma viatura do IML leva o corpo da esposa, quão distinto do planejado. A limusine sai vazia, faróis baixos, um luto suprindo o vazio. Tremulam as luzes nas lamparinas, num amarelo dourado.

Dizer que foi triste o velório, que o sepultamento levou corpo em vestido de noiva, que uma lápide fria guarda em verso uma frase nua “Tão pouco tempo tua”, é apenas confirmar um triste fim.

Dizem que com o passar do tempo, começou-se a ouvir choro, num lamento triste à borda da piscina, nas noites enluaradas, depois alguns viam a bela mulher vestida de noiva, sair ou entrar nas águas represadas da piscina. 
Já com o fim do hotel, gradativamente, um esqueleto à beira-mar, sepultado no tempo e no esquecimento, servia apenas para covil de morcegos, e ou de algum aventureiro buscando recordações de um hotel.

Nestes tempos mais atuais, um rapaz aventurando-se por entre as estruturas, chega ao último andar, vai até um dos quartos de frente ao mar e, com um sorriso nos lábios, trunfo da vitória, olha de repente a piscina cheia, água verde de chuva. Vê com pesar a cena, e… vê  o que não gostaria de ver!

Uma mulher trajando branco, olha para ele e sorri, sente um frio na espinha e volta à saída, com a pressa dos que fizeram besteira. Chega trôpego ao primeiro andar, buscando calma, coragem quem sabe. Dá mais alguns passos e se vê de frente com a noiva do último casamento no Hotel Itapirubá.

Sem saber o que fazer, paralisado, busca o ar para um coração aos pulos. Desmaia quando ouve a voz… 

– Você veio me salvar?

Lenda Urbana?

Quem sabe?

Cuidado ao fazer “tour” em hotel abandonado.

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SOBRE O COLUNISTA: Com 45 anos dedicados a criação de histórias e a produção de livros, Dario Cabral da Silva Neto, de 60 anos escreve poesias e se dedica ao desenvolvimento de romances. Dos 21 títulos já escritos, nove foram publicados, o mais recente “Redescobrindo a Vida”.

Entre 1973 e 2000, Dario era, exclusivamente, poeta, mas em 2000, decidiu se transformar em romancista. Entre as surpreendentes obras, que são vendidas por R$ 30, estão os clássicos Catador de Sonhos, Uma Questão de Amor, A Ravina, Pétalas de Amor, O Segredo de Melissa e a Caminhada do Zé Mundão.

Os livros escritos por Dario não têm foco religioso, mas trazem mensagens espiritualizadas. 

Para adquirir as obras de Dario basta realizar contato com o escritor pelo Messenger do Facebook (in box) ou pelo telefone (48) 999378198. 

Opinião:
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal AHora

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