Por onde começar?
Estive pensando em como nós, jovens, somos tão suscetíveis a vícios. Fazendo minha reflexão de todos os dias, cheguei a algumas alternativas.
Depois que terminei o Ensino Médio, me vi em um momento decisivo da minha vida: e agora, o que eu vou fazer? Não estudei para fazer faculdade. Não montei um negócio para começar no mercado de trabalho como micro empreendedora. E muito menos economizei o dinheiro do estágio que fiz no último ano de curso técnico. Passei o ano de 2019 inteiro nesta crise, não chegou à depressão, mas passou perto. Passei pela fase dos “rolês todo final de semana”, pela fase do “filhinha de mamãe”, pela fase da bebedeira… Eu estava perdida. Hoje em dia, já mais madura, não me cobro e me perdoo, estava perdida, sim. Aceito isso. Mesmo com uma base familiar muito forte, pessoas que querem meu bem e veem potencial em mim, eu me perdi. Não via mais futuro para a minha vida, pois eu tinha que decidir quem eu sou, como agir com as pessoas, cuidar da saúde, cuidar do relacionamento com minha família, cuidar do meu dinheiro, cuidar dos meus estudos, cuidar da minha vida. Cuidar da própria vida, que responsabilidade, né?
Vendo alguns exemplos de outros jovens, tanto famosos quanto do meu dia a dia, percebi que não era só eu. Dezenas de milhares de pessoas já passaram por essa fase da mesma forma e até pior. E então cheguei a uma de muitas conclusões.
Quando somos crianças, nós agimos como crianças – é natural. A partir do momento que começamos a falar, inicia-se uma nova fase, e assim por diante. Agora, imaginem: uma menina de 13 anos, do nada, começa a sangrar. Menarca.
“O que é isso?”
“Como é possível?”
“Por que eu estou com raiva da minha mãe?”
“Por que estou tão chorosa?”
Começamos a procurar respostas, e assim que conseguimos, vem a nova fase: 15 anos, rebeldia, quero mas não quero, não suporto tanta cobrança, o que vou fazer de faculdade? Aprendemos, novamente, a lidar com isso, e quando aprendemos: 18 anos.
“Não saí de casa ainda”, “Faculdade? Não tenho grana, e agora?”, “Se eu bater em alguém eu posso ser preso, tenho que ter equilíbrio emocional”. E assim forma-se um ser humano. Cheio de dúvidas, aprendendo a lidar consigo mesmo e com os outros sem ser um cowboy fora da lei.
Sentimos falta da inocência da infância, que aprendíamos apenas quanto era 2+2. Agora é x=2y-2. E é daí pra pior.
Percebi então que, para os adolescentes não pensarem em todas essas “coisas da vida”, buscam algo para distraírem-se. E geralmente, é algo que dá prazer: jogar videogame, bebidas alcoólicas, drogas que despertam o prazer, sexo… Inúmeros exemplos. E, infelizmente, parece ser algo natural. Por mais que seja prejudicial ou não.
Creio que os pais, nesta fase, precisam estar completamente atentos e abertos ao diálogo sem julgamentos, sem brigas e discussões, para ajudar os adolescentes a entenderem seu próprio interior. Mas com tantas obrigações diárias, quem terá tempo para ensinar se precisam aprender mais e mais?
Grande dúvida da humanidade: Como ser bom em tudo? Ninguém tem a resposta, nem mesmo grandes estudiosos. Temos que escolher em quê vamos nos dedicar, e se for algo errado?
Eis os pensamentos de um adolescente. Por onde começar?
Sobre a Colunista
Sou Érika dos Reis Bernardes, – oiii – tenho 21 anos e sou uma “fisólofa” – isso mesmo que você leu, não é erro de digitação. Já que não tenho estudo acadêmico a ponto de filosofar como Platão, Aristóteles, entre outros filósofos, prefiro me enquadrar no senso comum de pessoas que dão pitaco em tudo.
Uma ‘jovem adolescente’ que ama estudar seu próprio comportamento e que tem prazer em filosofar sobre a vida. Passei boa parte dos meus 21 pensando e aprendendo, principalmente no período em que lutava para me recuperar de um AVC ocorrido, em 2012, assim que cheguei a Imbituba, na escola. Que me acarretou em graves limitações físicas. Tive complicações como hidrocefalia e durante anos precisei reaprender a andar e a falar.
Nas colunas abordo assuntos que mexem com a cabeça de qualquer adulto: A MENTE DE UM ADOLESCENTE E DO JOVEM. Nestes textos que escrevo semanalmente, trago a verdade nua e crua de um adolescente, mas de uma forma mais poética e dramática, típica do universo Teen. Mostro também minha visão de mundo, em relação a questões sócio culturais que nos atingem. Sem defender os jovens, mas também sem passar a mão na cabeça dos adultos.
Sim! Sou uma guria que recém saiu das fraldas que quer dar uma de “sabe tudo” no Portal! Talvez? Quem sabe? Quem sou? Pra onde vou? Quem fui?
À Flor da Pele é, com toda certeza, o sinônimo de adolescência e juventude. Hormônios, vida, arte, drama, rock’n’roll, sexo, teorias, ideologias que explodem na mente e no corpo dos jovens. Como saber lidar com tudo isso? Mostro o quão neutros precisam ser os pais nessa fase. E o quão conhecedores de si mesmos, os jovens precisam ser para passar por essa incrível saga.