Neste período longe da escrita criativa, da qual temo ter perdido a prática, me deparei com uma ‘Eu Érika’ diferente. Um pouco mais fria, calculista e mais séria. Digamos que uma queda brusca na realidade me tornou uma pessoa apreensiva e assustada.

Contudo, essa nova Érika nada mais é do que o resultado de diversas experiências frustrantes, que construíram uma armadura em uma pessoa que, até então, era dócil, gentil e ingênua.
O que o amadurecimento faz com a gente, não é mesmo?
E a causa disso nada mais é do que a percepção de um mundo insensível com as mulheres. Enquanto me deparava com o meu passado, percebi não somente o quão frágil sou, mas o quão forte preciso ser.

Enfrentar olhares de desaprovação por começar a posicionar minhas opiniões críticas e, principalmente, no quesito feminino e físico, presenciar acontecimentos e olhares abusivos contra uma pessoa que só quer ser autêntica, feriu-me pouco a pouco.
Estar a mercê da opinião dos outros é quase que impossível, mas não deixar ser atingida por isso é difícil demais. Esse sempre foi o meu medo. Percebi que uma das principais características que impede a mim e a diversas mulheres, era o simples fato de ser mulher.
Não de uma forma feminista radical, mas de uma forma humana.
Sempre me expressei de uma forma ‘normal’ com todos à minha volta: educada, gentil, nada pretensiosa e, em todas as relações, prezava e prezo pelo respeito. Muitas vezes, não recebo o mesmo em troca, mas sempre me atentei a ser uma pessoa querida. Mas, hoje, por ser mulher, essa educação é carta branca para homens se aproximarem.
Certas experiências que tive, me mostraram o quão importante é, para a mulher, aprender a se expressar. Essa é uma das dificuldades que estou tendo nestes primeiros passos da jornada de ser mulher. Não estou me lamentando, jamais. Cada experiência que passo, absorvo sempre os aprendizados.
Ao perceber que não sou só eu quem vivo isso, mas sim, uma grande maioria de pessoas do sexo feminino e, também, com orientação sexual distintas e, politicamente falando, de raças distintas, senti um medo inexplicável.

Principalmente por me identificar como uma mulher negra de pele clara e deficiente física – politicamente falando, mais uma vez.
O ‘Eu Político’ se mostrou exatamente como a sociedade me vê – apesar de eu ser muito mais do que isso, dá licença (risos). Então, meus caros leitores, amantes da Flor da Pele, me afastei, durante um ano, da coluna por esses motivos. Mas esse tempo fora não foi totalmente desperdiçado, pois permitiram com que eu vivesse para contar histórias para vocês. Creio que essa odisseia terrestre serviu para amadurecer uma pessoa que está em pleno desenvolvimento, apesar de tardio.
Acho que crise existencial e processo de amadurecimento são os nomes dados a essa situação.

Nos próximos artigos – que não sei, exatamente, quando irão ser publicados – trarei diversas opiniões que antes, as tinha como corretas ou incorretas. Graças às mudanças ocorridas neste período de um ano, pouco a pouco, estou construindo uma personalidade – agora vou utilizar palavras modernas – pluralista e criticista. Não no sentido ativista das palavras, que fique bem claro.
Santa filosofia que me guia para a razão pura e santa religião que ampara o meu espírito nos momentos de insegurança vividos nesse processo! – contraditório mas real.
Até a próxima!










