Por Ronaldo Pires
A história e cultura açoriana são fascinantes! Um povo açoriano que viaja para o Sul do Brasil em busca de esperança e de um mundo novo. Acontece também com pesquisador na área de história que se fascina por descobrir no passado informações para ir montando um grandioso quebra-cabeças, de um legado extraordinário.
E, aconteceu comigo, o historiador Ronaldo Augusto Pires, licenciado em história e presidente da Casa Açoriana, quando deparei-me, em minhas pesquisas para meu livro da festa do Divino Espírito Santo de Vila Nova, Imbituba/SC, com a história da festa do Divino Espírito Santo de Sambaqui.
Na cidade de Imbituba, são três comunidades que celebram os festejos do Espírito Santo: Sant’Anna de Vila Nova desde 1752 com a chegada dos açorianos, Sant’Anna de Mirim 1856, com os filhos de açorianos, e Sambaqui, também por descendentes de açorianos.
Nas pesquisas diante da história do Sambaqui verifiquei que as festividades do Divino Espírito Santo, no que tange a coroação do imperador, a coroa era feita artesanalmente, juntamente com cetro da imperatriz. As comunidades de Vila Nova e Mirim têm as suas coroas seculares vindas de Portugal ou do Rio de janeiro lá pelos séculos 18 e 19.
A comunidade religiosa de Sambaqui era merecedora de ter uma coroa original do Espírito Santo. Com o início das festividades, a partir dos anos 1960, os devotos e seus antepassados acompanhavam as festividades na comunidade do Mirim, por ser mais próximo. Mas, com a ajuda do saudoso Padre Doutor Itamar Luiz da Costa, deu início ao culto do Divino Espírito Santo. Pediam a coroa emprestada para à comunidade de Vila Nova e, possivelmente, da comunidade de Mirim. Nos últimos tempos, as comunidades não puderam mais realizar o empréstimo. Então, os fiéis de Sambaqui confeccionaram os artefatos para realização da cerimônia de coroação da corte imperial.
Percebi a necessidade, junto a Casa Açoriana que exerce um papel fundamental no fomento e na salvaguarda da história e tradição açoriana, encaminharmos um pedido ao governo diretamente ao governo do Açores, sendo que a Casa Açoriana é conhecida pelo seu trabalho em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, sede do governo açoriano.
Com o apoio da Casa dos Açores de Santa Catarina, solicitei o pedido diretamente ao governo dos Açores, presidente José Manuel Bolieiro.
Na viagem que realizei em outubro de 2022, conversei pessoalmente com o diretor, destacaram que ficaram muitos sensibilizados com o pedido e que provavelmente, Sambaqui de Imbituba seria uma das comunidades contempladas.
Em dezembro de 2022, recebi a comunicação de que fomos contemplados com uma coroa original dos Açores, e, que possivelmente, poderíamos estar recebendo a coroa na vinda de uma comitiva do governo dos Açores a Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, no final do ano. Porém, não foi realizada a vinda do governo dos Açores.
A nossa felicidade se concretizou somente no final do ano de 2023, com a vinda do Diretor da DRC Açores, trazendo a coroa para Sambaqui e mais outras comunidades de Santa Catarina e uma do Paraná.
Representante da comunidade do Sambaqui, o casal coordenador do CPC da Igreja de Sambaqui, Volnei e Alessandra, as moradoras, Dona Dorita, Marli e Lourdes, estiveram presentes no recebimento da coroa.
Imbituba/SC – Foto: Casa Açoriana
Fato que a próxima festa do ano de 2024 já seria com a coroa original dos Açores.
Felizes, os moradores da comunidade se preparam para a festa que ocorreria ainda neste mês de maio.
Meses se passam e a festa chegou! No dia 19 de maio de 2024, diz de Pentecostes, a comunidade recebeu, feliz, a coroa e a missa festiva. O ato de coroação foi realizado por mim, a convite do casal primeiro festeiro, por agradecimento do empenho da Casa Açoriana em realizar o pedido da coroa ao governo dos Açores.
A Casa Açoriana de Vila Nova segue fortalecida quando seus objetivos diante da história e cultura açoriana são realizados! E seguimos “toda vida”, como dizem os açorianos aqui da nossa Imbituba.
