Já saí e voltei para Imbituba algumas vezes. Como diria Renato Russo, “já morei em tantas casas que nem me lembro mais”. Me considero um inquieto. Essa coisa de gente jovem, que quer ver, tocar, provar, criticar; nem que seja pra dizer que não gostei.Em curtos quase 27 anos de vida, do Paraguai à Suíça, rodei por uns cantos que me fizeram ter ainda mais vontade de caminhar por aí. Mas a Zimba chama de volta. Durante minha última mudança, em 2018, a caminho de Florianópolis, jurei internamente que não voltava. “Vou estudar, me formar, trabalhar, fazer a vida. Não tem espaço pra mim aqui”. Jamais caia neste engano. A verdade é que, nascido ou não na terrinha, a gente sempre volta. Vamos ser sinceros? Quantos amigos turistas você fez por aqui que só pode reencontrar entre novembro e março? E por quê?Eu arrisco algumas respostas. Nas minhas andanças, eu vi praias bacanas. Mas nada como ficar no cantinho da Praia do Luz, se protegendo do vento, brincando na piscina natural que se forma entre as pedras. Ou as ondas da Praia da Vila, que já embalaram Kelly Slater e Mick Fanning, mas também o Fabinho Carvalho e o Bananinha. Praia dos Amores, o Rosa, Ribanceira, Itapirubá… pode escolher! Tem de sobra!Também tive o prazer de realizar um dos grandes sonhos da minha infância: assistir ao show do maior músico de todos os tempos, Paul McCartney. E, veja bem, eu não estou comparando o incomparável, mas você já tomou uma cervejinha escutando Banda Kaya, Igor do Canto Perfeito ou curtindo um show animado do Teto Fernandes? Vale muito fazer isso por aqui! E tem uma galera nova muito boa agitando a cidade o ano todo.Caso isso tudo não seja suficiente, é aqui que as pessoas encontram calor, no clima e no encontro humano, calmaria e a paz de andar pelas ruas, sem maiores preocupações, tendo a chance de frear um pouco a correria voraz que as demandas da vida impõem a todos. Você pode dizer que isso se pode encontrar em outros lugares. E eu digo que sim, mas depende. O Zé Francisco anunciando as atrações comerciais no centro da cidade só se encontra aqui!É por isso, exatamente por isso, que a Zimba te chama de volta. Mas te chama com responsabilidades. De recolher o lixo, caso consuma algo na praia (ou em qualquer lugar público). De saber que você não é o único que gosta de música, então escolha um bom fone de ouvido e deixe a caixa de som para eventos particulares, na sua casa ou de amigos. De entender que a sociedade é uma coletividade e a tarefa de cuidar do “eu” é de todos. A pandemia ainda está em curso, infelizmente. Vacinação, uso de máscara, respeito às distâncias e etc. são atitudes simples e que ajudam a proteger a todos. Se o “carinha do lado” faz diferente, seja o que quebra a corrente. Seja o que mantém esse pequeno paraíso uma joia no meio da civilização catarinense.
Termino com o Belchior: “amar e mudar (ou cuidar d)as coisas me interessa mais”. Porque, no fim, a Zimba sempre te chama de volta. Feliz 2022.
Por Daniel Luiz Miranda