Como o jovem lida com frustrações
Quem nunca, pergunta aos adolescentes e adultos, teve dificuldade em compreender e perdoar um familiar/amigo/conhecido por algo que ele cometeu de errado? Principalmente os jovens que, conforme o crescimento e amadurecimento, descobrem que seus pais não são os ‘heróis da humanidade’ e, por influência também dos hormônios, acabam não aceitando certas ‘manias’, opiniões e erros deles.
É tenso, né? Falar sobre entendimento e perdão gera revolta, indignação… Até mesmo perversidade e violência. Falta de empatia? Muita. Entender que nossos pais também foram adolescentes como nós, é quase impossível. Principalmente nesta sociedade que impõe o ego acima de tudo.
Quando somos crianças, nossas primeiras referências de pessoas boas são os pais ou aqueles que nos criaram. Os colocamos num pedestal, em que há brilho e admiração, como se fossem seres perfeitos. Até o dia que a lente de criança inocente quebra, isso também vale para os pais que creem que seus filhos são perfeitos, acho que podemos definir como a lente do sentimentalismo. Começamos a enxergar que não, nossos pais/filhos/parentes não são perfeitos.
Então a ficha cai:
“Como minha mãe foi capaz de fazer isso?!” “Não posso acreditar que meu pai é assim.” “Impossível meu filho ter feito isso. Ele é MEU FILHO!”
Um turbilhão de sensações.
E a raiva misturada com ansiedade e tristeza, toma conta. Vontade de jogar tudo pra fora, e gritar com a pessoa que o feriu. Você não sabe mais o que pensar, como a pessoa pôde fazer isso?! Vêm então, a decepção. Vivíamos num mundo de fantasia, e nossos pais nos iludiam com tanta coisa, mas era tudo mentira, como confiar neles agora?!
Na adolescência, percebemos a verdade nua e crua, sem lentes para filtrar o quão terrível é a realidade. E está aí a fase mais perigosa em que o jovem, por estar perdido, se envolve com vícios: drogas, celular, bebida, esportes, até mesmo sexo. Se ele não tiver base familiar, pode se perder no caminho de volta. E a culpa não é dele, nem dos pais, nem dos amigos. Não existe culpado.
Agora, como entender o porquê das ações das pessoas que amamos?
Se pararmos de olhar aquela pessoa que nos feriu com a lente da emoção, e racionalizar: “Essa pessoa também está amadurecendo, está em processo de aprendizado como eu”, podemos alcançar a paz de espírito, a calma e a compaixão. A empatia é uma das principais ferramentas para conseguir entender uma pessoa, independente de quem ela seja e o que ela tenha causado. Nossos pais foram educados em uma cultura diferente da nossa. Hoje nós temos ferramentas disponíveis para lidar com os percalços da vida, temos mais liberdade em nos expressar e tirar dúvidas. Eles não tinham. Então não se revoltem se eles não aceitarem o modo de você se vestir, ou as escolhas de vocês. Assim como eles explicavam para nós que dormir faz bem, explique com todo cuidado que você está fazendo tal escolha para ver se é possível ou não crescer como pessoa. E peça a eles compreensão, se você estiver errado, terá que ter o apoio dos pais para se recuperar.
Devemos, como seres humanos e civilizados, aceitar o outro como aceitamos a nós mesmos, nos colocar no lugar da pessoa e analisar – conforme questões culturais, de tempo e espaço – se vale à pena ou não continuar com essa mágoa que, na maioria das vezes, prejudica mais a nós do que ao outro. Para isso, é preciso refletir, refletir e refletir.
Somos seres racionais, por que não ocupar nossa cabeça com coisas que podem somar e nos melhorar como seres humanos ao invés de nos desgastar com coisas que não estão ao nosso alcance?
Reflitam sobre isso.
P.S.: Se não conseguirem conversar com seus pais, eles estão agindo como crianças. Se o jovem não escutar o que vocês pais falam, ele também está agindo com infantilidade. Em outra oportunidade, escreverei sobre essa questão.
Sobre a Colunista
Sou Érika dos Reis Bernardes, – oiii – tenho 21 anos e sou uma “fisólofa” – isso mesmo que você leu, não é erro de digitação. Já que não tenho estudo acadêmico a ponto de filosofar como Platão, Aristóteles, entre outros filósofos, prefiro me enquadrar no senso comum de pessoas que dão pitaco em tudo.
Uma ‘jovem adolescente’ que ama estudar seu próprio comportamento e que tem prazer em filosofar sobre a vida. Passei boa parte dos meus 21 pensando e aprendendo, principalmente no período em que lutava para me recuperar de um AVC ocorrido, em 2012, assim que cheguei a Imbituba, na escola. Que me acarretou em graves limitações físicas. Tive complicações como hidrocefalia e durante anos precisei reaprender a andar e a falar.
Nas colunas abordo assuntos que mexem com a cabeça de qualquer adulto: A MENTE DE UM ADOLESCENTE E DO JOVEM. Nestes textos que escrevo semanalmente, trago a verdade nua e crua de um adolescente, mas de uma forma mais poética e dramática, típica do universo Teen. Mostro também minha visão de mundo, em relação a questões sócio culturais que nos atingem. Sem defender os jovens, mas também sem passar a mão na cabeça dos adultos.
Sim! Sou uma guria que recém saiu das fraldas que quer dar uma de “sabe tudo” no Portal! Talvez? Quem sabe? Quem sou? Pra onde vou? Quem fui?
À Flor da Pele é, com toda certeza, o sinônimo de adolescência e juventude. Hormônios, vida, arte, drama, rock’n’roll, sexo, teorias, ideologias que explodem na mente e no corpo dos jovens. Como saber lidar com tudo isso? Mostro o quão neutros precisam ser os pais nessa fase. E o quão conhecedores de si mesmos, os jovens precisam ser para passar por essa incrível saga.