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Vila Nova Alvorada – Divinéia: Uma Vista Magnífica – Pelo escritor imbitubense Dario Cabral Neto

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Começo a pensar que daqui a pouco nada mais terei sobre o que escrever. Sair e olhar os lugares, buscando imagens entre passado e presente, casos e causos contados, lendas e mistérios, é uma busca íntima.

Presenciar o nascimento de um bairro, do nada, e descobrir que ali, onde lebres corriam soltas entre plantações de mandioca e butiazeiros; se tornou o que se é hoje.

Do nada, aparecem às máquinas, o estalar das lagartas dos tratores, topógrafos na medição e os peões cravando estacas, marcando-as com tinta vermelha e uma fita ajudando no contexto.

O nordestão castiga os trabalhadores com a areia vermelha soprada nos olhos. Tórrido, o sol não alivia e, sim, mais castiga. Aos poucos os traçados das ruas principais e suas transversais se tornam realidade.

Lotes enumerados nas quadras. Até aí tudo bem, o progresso veio célere e fracionado, esperança e tristeza ao mesmo tempo. Subia e sentava à sombra dos eucaliptos, bem lá na parte superior da colina. Não tinha graça nem encanto, máquinas e areia revolvida, vento e calor.

De repente, um apito chama minha atenção. Olho buscando a direção e então percebo tudo.

Nasce, do nada encapoeirado, um dos bairros mais privilegiados: a Vila Nova Alvorada, “Divinéia”, onde o mar estende-se lindo e perfeito numa visão ampla! E o porto com seus navios, que chegam e saem tornando ainda mais bela à visão.

A praia de Imbituba, “porto” com sua enseada formando um colar pronto para abraçar a alma. Linda visão que descobria naquele momento.

Aos poucos, residências brotavam, as ruas receberam o barro, depois a lajota, depois prédios pequenos, outras casas, famílias que redescobrem nova vida. Nesta visão espetacular, a tristeza do sair de onde se fez história, vai ficando na memória e um dia, será contada ao neto na varanda do novo lar.

Crescer num lugar assim tem seus encantos. Acordar, abrir a janela da vida e ver que lá naquelas águas baleias singram no seu destino, cardumes e mais cardumes se dá à visitação do caminho.

Assim como sei que muitos nem conseguem ver o quão é belo o bairro, a vida cobra o calo da mão, a migração deixa tamanha saudade, que o belo é apenas lágrima nos olhos. Sim, eu sei, sinto a cada visita, a cada ida e volta. A cada ciclo.

A praia desenha qual mão de criança ainda no aprendizado, o redesenho dos molhes, as cabeças de pedra cortando praia, o verde do pasto muitas vezes usado de amparo às redes em tapete, sangra no despropósito do riacho inocente.

Teima a natureza em mostrar sua beleza. Os mirantes que agradam a vista e deixam na memória imagens às ravinas que serviram de cenário para um livro meu. O que sobrou transformei em aquarela de puro amor.

Contornar a colina com calma, olhando e sentindo seu encanto. Uma janela que se abre, um idoso que dela olha o infinito horizonte, quem sabe buscando na saudade o abraço do filho ido ou do que acaba de chegar. Quem sabe seja apenas um olhar buscando a troca do vento, da maré ou o quem sabe se hoje se pescará algum peixe?

Fotos: http://kadekarai.blogspot.com Leonardo Fraga

Só sei que deixo Divinéia com o olhar cheio de lembranças em cada passo dado. Vou crescendo, voltando ao que sou hoje, mas nada consegue apagar a vila dos pescadores e outros lá da beira da praia. A visão das bicicletas com robalos e corvinas pendurados no guidão, o grito chamando à atenção, o apelido feio e o palavrão de troco. O entardecer me toma e desembrulha a saudade, o vazio do pouco que sobrou cá embaixo é o esplendor colorido das casas lá de cima.

Não deixo minha visão se afetar pelas sobras do progresso. Quem sabe um dia escreva sobre isto, mas agora o mais importante é gravar e manter vivas estas imagens.

Ouvi dizer, num dos muitos livros que li, que ninguém sai de onde se sente bem. Será?

Às vezes, somos nós quem faz o “belo” de onde moramos. Somos nós quem colore as imagens que ficarão para sempre.

Aproveito a descida e vou crescendo, crescendo. Lá, outras casas serão erguidas, outras janelas serão abertas e um idoso dirá ao neto:

– Isto aqui é um paraíso.

Eu? Bom, desci com saudade.

FIM!

Com 45 anos dedicados a criação de histórias e a produção de livros, Dario Cabral da Silva Neto, de 60 anos escreve poesias e se dedica ao desenvolvimento de romances. Dos 20 títulos já escritos, oito foram publicados.

Entre 1973 e 2000, Dario era, exclusivamente, poeta, mas em 2000, decidiu se transformar em romancista. Entre as surpreendentes obras, que são vendidas por R$ 30, estão os clássicos Catador de Sonhos, Uma Questão de Amor, A Ravina, Pétalas de Amor, O Segredo de Melissa e a Caminhada do Zé Mundão.

Os livros escritos por Dario não tem um foco religioso, mas trazem mensagens espiritualizadas. 

Para adquirir as obras de Dario basta realizar contato com o escritor pelo Messenger do Facebook (in box) ou pelo telefone (48) 999378198. 

Opinião:
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal AHora

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