Por Júlia Freitas
Uma viagem fora da rotina, e, no mínimo, impressionante! O imbitubense Valdoniro de Souza Borges, de 42 dois anos, pedalou cerca de 1 mil quilômetros em uma prova de fé para Nossa Senhora Aparecida. O morador de Imbituba fez sua jornada da Capital Nacional da Baleia Franca, até a cidade de Aparecida, em São Paulo em um trajeto que durou quase 10 dias
Com o coração cheio de inspiração, fé e amor pela Santa, Valdoniro, que é morador do bairro Arroio, embarcou nessa romaria com coragem admirável: a bicicleta emprestada e o apoio de amigos e patrocinadores abriram o caminho para a aventura do peregrino.
Fiel no que acredita, Valdoniro nos conta como começou a sua jornada. “Minha fé em Nossa Senhora Aparecida é cultivada desde moleque. Conheço a história dela, que ela foi achada no rio, por pescadores. Eu me tornei caminhoneiro, fazia muitas viagens, passava sempre pela frente da Basílica, mas nunca tive a oportunidade de parar e conhecer. Uma vez, peguei uma carga para a cidade de Potim (SP), ao lado de Aparecida, e fui conhecer a Basílica. Lá, encontrei algumas pessoas do Arroio, que estavam fazendo uma excursão”, lembra Valdoniro.
Segundo o romeiro, a viagem não se trata de uma promessa, ou uma forma de fazer um pedido, como muitas histórias por aí. É, sim, uma “prova de fé”, um jeito de mostrar onde se pode chegar com devoção. “O propósito da minha viagem é o seguinte: se eu sou capaz de fazer isso, eu sou capaz de fazer muitas coisas”, afirma o peregrino, que carrega em sua bolsa a imagem de Nossa Senhora, que pertencia ao seu pai, já falecido.
“Carrego também uma bandeira do Divino Espírito Santo, um crucifixo na mão, e um escapulário para benzer”, conta.
Ao concluir sua jornada, nesta segunda-feira (10), ainda tomado de emoção, o devoto de Nossa Senhora Aparecida falou sobre a sensação única de chegar à Basílica, após 10 dias de viagem cansativa.
“A euforia é muito boa! É emocionante demais, muito gratificante, sensação única! Já chorei muito, nem tenho mais lágrimas. Fui assistir a missa com a sandália que era do meu pai. Ele não perdia nenhuma missa. Hoje, sinto que ele está aqui comigo”, comenta.
Valdoniro se emociona ao lembrar de seus pais e das dificuldades da vida, que o impediram de estudar em um seminário
“Sou católico, visitei o seminário algumas vezes, mas não pude ficar porque meus pais não tinham condições de me sustentar lá. Quando eu estava na oitava série, minha mãe faleceu, então eu conheci o mundo, conheci a vida, e hoje estou aqui”, descreve.
Além de lembrar, amorosamente, de seu pai e da fé que compartilhavam, e demonstrar gratidão, Valdoniro também pediu à Santa que abençoasse amigos e conhecidos.
“Cheguei e agradeci. O pedido que eu fiz é para que Nossa Senhora abençoe com seu manto sagrado todas as pessoas que pediram, aqueles que não puderam vir comigo, mas que me apoiaram e me acompanharam pela internet. Muitos fizeram pedidos para seus familiares, pedidos de saúde, e eu citei os nomes para ela quando cheguei aqui”, revela.
O peregrino agradece a todo apoio que recebeu. Ele mobilizou muitos moradores da cidade que se inspiraram com a sua atitude. Segundo Valdoniro, as palavras de incentivo deram forças para que ele pudesse pedalar cerca de 100 km por dia, empenhado em chegar ao seu destino.
“Desde já, agradeço a todos que estão contribuindo para este sonho acontecer. Muita gente se mobilizou, eu vou acender uma vela para todos que me ajudaram nessa aventura pela fé. O Anderson Andrade, que me emprestou a bicicleta, a Madalena, do Ateliê Madá, que me ajudou a conseguir as camisetas com o nome dos patrocinadores, o Djonathan Santin do TDS Transportes, a Juliana do Inovar Transportes, o Marcos, que fez uma rifa de pizzas, o Bar do Perreco. Sou grato também ao estabelecimento onde trabalho, Assados do Gaúcho, na Lagoa do Quintino, e às pessoas que estão mandando Pix como forma de apoio para a viagem. Muita gente ajudou a tornar esse sonho realidade” agradece o devoto romeiro.