Uma reviravolta no caso do motoboy morto em serviço em Imbituba levou o Setor de Investigações e Capturas da Polícia Civil e prender preventivamente o caminhoneiro envolvido no atropelamento de Fernando Amorim, de 32 anos. O homem foi detido nesta quinta-feira no Estado do Paraná, por meio da 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa.
Apoiados por levantamentos da Polícia Científica, após ouvirem do caminhoneiro e de sua esposa versões conflitantes com as evidências do local de crime, os investigadores, que inicialmente apuravam um homicídio culposo na direção, agora trabalham com a hipótese de homicídio com dolo eventual.
RELEMBRE O CASO E ENTENDA OS MOTIVOS PARA A REVIRAVOLTA.
No dia 01/08/2022, por volta das 23h45, um caminhoneiro que transitava na avenida Konder Bornhausen, sentido Porto, efetuou uma manobra de retorno em local proibido nas proximidades da empresa Votorantim, cortando a frente de um motoboy que estava trabalhando e causando a sua morte. Na sequência, o motorista do caminhão empreendeu fuga do local do acidente, com a motocicleta da vítima pegando fogo engalhada na carroceria do seu caminhão bitrem.
Inicialmente, a Polícia Civil e a Polícia Científica (antigo IGP) foram ao local de crime, momento em que efetuaram os levantamentos iniciais. Apesar de ter fugido, o motorista do caminhão que provocou o acidente se apresentou na Delegacia de Polícia de Imbituba e deu sua versão dos fatos, argumentando que transitava no sentido Porto-BR-101 quando o motociclista apareceu sem que tenha percebido e foi atropelado pela carroceria do caminhão.
O caminhoneiro negou que tivesse efetuado o retorno no local dos fatos, o que configuraria uma manobra proibida. No entanto, com a análise dos dados levantados pela Polícia Científica e pelo Setor de Investigação da Polícia Civil de Imbituba, observou-se que na verdade o caminhão trafegava no sentido BR-101/Porto de Imbituba e efetuou a manobra em local proibido, interrompendo o fluxo normal da via e fazendo com que o motociclista batesse na porta do lado do motorista do caminhão.
Ao analisar o laudo cadavérico realizado pelo Instituto Médico Legal (IML), constatou-se que a vítima não apresentava lesões no tórax e no momento dos fatos usava capacete, descartando a hipótese de que a causa da morte teria sido esse impacto inicial. O laudo do IML apontou ainda que a causa da morte foi o esmagamento crânio encefálico provocado pelo atropelamento de um dos rodados do caminhão”, afirma o delegado Nicola Patel Filho, que preside o inquérito.
Diante dessas informações, concluiu-se que a morte do motoboy supostamente foi provocada pela insistência na manobra de retorno perpetrada pelo caminhoneiro que, visando fugir do local, assumiu o risco de produzir um resultado mais grave, que foi o esmagamento do crânio com um dos rodados do caminhão.
A partir disso, a Polícia Civil de Imbituba representou pela prisão preventiva do caminhoneiro que provocou o acidente, que foi prontamente deferida pelo Poder Judiciário após manifestação favorável do Ministério Público. Assim, na manhã desta quinta-feira, a Polícia Civil do Estado do Paraná, cumpriu, na residência do caminhoneiro, na cidade de Ponta Grossa, o mandado de prisão expedido em desfavor do suspeito.
“É importante destacar que não se quer aqui banalizar o instituto jurídico do Dolo Eventual. No entanto, as evidências levantadas apontaram que o autor poderia ter evitado a morte da vítima se tivesse interrompido a manobra de retorno quando ocorreu o impacto da motocicleta no caminhão. Apesar disso, insistiu na conduta ilícita fazendo com que a tração de um dos rodados esmagasse o crânio da vítima e provocasse sua morte, em total desprezo com a vida humana e nitidamente assumindo o risco de provocar o resultado”, explica Delagado.
Patel afirmou ainda que esta foi a conclusão do minucioso trabalho técnico realizado pelos Policiais da DPCo de Imbituba e pela Polícia Científica de Laguna que analisaram os dados e apontaram de forma coerente as circunstâncias do crime.