A disciplina do Projeto de Vida é uma das inovações propostas no contexto do Novo Ensino Médio, proposto pela gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). A Escola de Educação Básica Maria Corrêa Saad, localizada no Bairro Campo D’una, em Garopaba, foi o cenário de impactantes atividades, na última sexta-feira (15), envolvendo a expressão íntima da realidade de diversos dos seus alunos, abordando temas como preconceito, saúde emocional, relacionamento com o meio ambiente e tecnologia.
Os projetos são desenvolvidos em dois momentos, antes e após o recesso do mês de Julho, e a produção se estende durante todos os meses dos períodos, finalizando cada parte do ano. A diretora da escola, Fernanda Kremer, que está na instituição há 10 anos, antes, como professora de inglês, explicou um pouco da intencionalidade dos projetos diante do currículo estudado.
“A proposta do Novo Ensino Médio é trabalhar um contexto onde o aluno seja o protagonista e o professor seja apenas o mediador. Hoje, estamos vendo o resultado do trabalho das trilhas de aprofundamento e das disciplinas eletivas, de fevereiro a julho. Nestes trabalhos, podemos conhecer um pouco mais da intimidade dos alunos e o que eles desejam para o seu futuro. A tarefa da escola é, também, ajudar o aluno a pensar no seu projeto de vida e no seu bem-estar”, disse.
“Pensar o pensar do outro”
O professor Flávio Ferreira Luciano, formado em História e Sociologia, que ocupa a função de tutor do Projeto de Vida, explica que a disciplina busca, já dentro das premissas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), abordar o caminho que o estudante traça entre “quem ele é” e “quem ele quer ser”, ou seja, o planejamento que ele faz para atingir seus sonhos pessoais, profissionais e para a vida em sociedade, contando para isso com todo o suporte pedagógico da escola.

Diretora; Flávio Ferreira, professor do Projeto de Vida; e a Orientadora
Silvia Nunes
Contudo, segundo ele, é fundamental, antes, que a identidade e a socialização do indivíduo sejam trabalhados em forma de desenvolvimento psicológico e autoconhecimento.
“A ideia do projeto veio após percebermos que o pós-pandemia atingiu frontalmente algumas capacidades emocionais e psicológicas dos alunos. Como lançá-los ao mercado de trabalho sem, antes, preparar questões básicas de inteligência emocional? Portanto, a chave da atividade partiu do objetivo de melhorar a vida pessoal de cada aluno, aprendendo a lidar com as particularidades que cada um de nós carrega”, amplia.

EEB Maria Corrêa Saad
A partir daí, o professor promoveu, em sala de aula, uma série de perguntas que deveriam ser respondidas, anonimamente, por cada um dos alunos da 1ª série do ensino médio, com a intenção de extrapolar os sentimentos interiores, positivos ou não, para, posteriormente, trabalhar as emoções de forma individual, buscando auxiliar a maturação das resoluções.
“Uma ferramenta de entender a si é buscar, de certa forma, encontrar seus pares e o lugar onde cada um se encaixa. Por isso, quando visualizamos o pensar do outro, percebo que não estou sozinho na jornada e há pessoas que podem compreender o que acontece comigo, ao invés de se fechar diante do medo do isolamento”, finaliza.
Outros projetos
Na mesma proposta de desenvolvimento, outras divisões entre os alunos do ensino médio da escola escolheram temas igualmente relevantes e de alto apelo social atual, tais como as lutas do feminismo e da comunidade LGBTQIA+, bem como o combate ao racismo, ao abuso infantil e à intolerância religiosa. Abordando a relação entre a tecnologia e o meio ambiente, dois projetos se dedicaram a explicar o processo de descarte de lixo eletrônico e outras elaborações de reciclagem e cuidado ecológico.
