Confira a coluna Lá no meu Blog, assinada pela blogueira e podcaster imbitubense Chelly Ramos. Boa leitura!
A Família que Criamos
Família é aquele amontoado de gente que nos ensina que viver não é tão fácil quanto parece. É ali o nosso primeiro grupo social. Com a família aprendemos tudo: somar, dividir, brigar, perdoar, solucionar problemas, criar outros maiores. Família é base, é conforto, é abrigo.
Mas eis que crescemos e caímos no mundo e, apesar de a família estar sempre lá, pronta para tudo, ela pode ficar longe fisicamente, sem dar o afago que precisamos. E precisamos de uma nova família, ou de agregar membros de outros laços para a nossa.
A vida, esta senhora danada, nos leva de um lado para o outro, nos faz viver em diferentes lugares, com diferentes culturas, com outras pessoas…. E isso é bom. Isso nos dá a chance de arrebanhar aqueles parentes que não têm o nosso sobrenome, que não têm o mesmo avô, a mesma tia legal. Aquele parente completamente estranho que um dia tu conheces no trabalho novo, na porta do colégio da filha, no elevador, ou até em redes sociais, mas que tem o mesmo jeito de encarar a vida, as mesmas ambições, que ri da mesma coisa, que chora junto se precisar….
Eu tive sorte. As idas e vindas da vida me fizeram deixar a timidez de lado, arregaçar as mangas, jogar a vergonha fora e me relacionar com aqueles estranhos. No começo eu achava que eles poderiam me deixar com medo, me deixar de lado, não me aceitar…. Mas não. Assim como em toda família tem o tio chato e o tio legal, o primo mala e o primo parceiro, entre esses estranhos eu encontrei alguns que não me pareceram mais tão estranhos, que me deixaram conhecê-los um pouco mais, conhecer seus nomes, suas casas, seus gostos e suas famílias consanguíneas.
E essa família vai crescendo, novos membros vão entrando…É o filho de uma, o pai da outra, o sobrinho que adotamos. Os pitacos na vida do outro já estão liberados, já se pode brigar, mostrar o erro, fazer as pazes como se nada nunca tivesse acontecido e tudo isso sem mágoa, rancor, sem ressentimento. Porque assim é como as famílias são. Isso é o que os parentes fazem. Aqueles de verdade, e aqueles a quem chamamos de amigos.
Nunca é fácil partir, trocar de cidade, sair do seu conforto. Mas o lado bom é saber que agora, onde quer que se vá, terá outra família para procurar, para matar a saudade, para pedir colo.
Muitos mais irmãos e irmãs, muitos mais sobrinhos e sobrinhas, cunhados, primos. Poder se sentir segura mesmo quando seus pais estão longe, mas a mãe da sua amiga se oferece para ir contigo naquela consulta médica que está te assustando. Receber uma “bronca motivacional” daquela amiga que veio do Orkut, que virou companheira de almoço semanal, porque ela já te conhece o suficiente para saber que a desculpa para não ir ao encontro é mentira esfarrapada da tua ansiedade. Usar a tua amiga de psicóloga, aumentar a conta do celular para ajudar a xingar quem magoou um dos seus…Pessoas de diferentes religiões, diferentes visões políticas. Diferentes em quase tudo, menos na vontade de ficar sempre junto.
Hoje eu tenho uma família maior do que aquela que nasceu comigo. Tenho amigos por quem tenho amor, respeito, que quero que estejam presentes nas datas importantes da minha vida, que quero que minha filha faça parte da vida dos filhos deles, de quem quero amizade para sempre.
Acho que no final, eu tenho mesmo é de agradecer muito minha vida, que me carrega de lá para cá e me dá a alegria de sempre aumentar minha família.
Chelly Ramos
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Sobre a Colunista
Richelly, Chelly, mãe, maninha, tia, Euba. Depende de quem chama. Só não atendo por Ri.
Costumo dizer que sou catarina do melhor lugar: Imbitubinha! Nascida ali na Nereu Ramos.
Bacharela em Secretariado Executivo, licenciada em Letras, doida por livros, contos e histórias.
Versão bombada da Emília nos quesitos tagarelagem e curiosidade. Metida em tudo, adoro falar de tudo e saber de tudo e, principalmente, opinar sobre tudo!
