Moradores de Garopaba e até turistas deram um verdadeiro abraço coletivo na Lagoa da Encantada na manhã deste sábado (15). Segundo os organizadores do protesto, cerca de mil pessoas, incluindo pescadores e surfistas, se reuniram ao redor da lagoa durante o dia para protestar contra um projeto de esgotamento sanitário da Casan que poderia tornar o rio um local para despejo de esgoto tratado.
A Casan, por sua vez, alega que Garopaba e a Lagoa localizada entre as praias da Barra e Ferrugem “terão seu ambiente muito mais ameaçado sem um sistema de esgotamento sanitário” e que a proposta “traz o que há de mais avançado em termos de tecnologia de saneamento no mundo” (veja nota completa do órgão ao final do texto).
A comunidade não questiona a necessidade de implementar um sistema de esgoto na cidade. No entanto, considera que o projeto não levou em consideração as características da cidade construída ao redor da lagoa.
Segundo os ativistas, o projeto prevê que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) (ainda em construção no Bairro Ambrósio) retire entre 90% e 95% dos nutrientes de esgoto da água e a despeje no rio Linhares, que por sua vez desemboca na Lagoa da Encantada.
Um parecer feito pela comunidade, com a ajuda de técnicos da área de Engenharia Sanitária e Ambiental e da Antropologia, e que foi entregue para a prefeitura de Garopaba, questiona a Casan e a Fatma sobre a existência ou não de determinados estudos ambientais para realizar o despejo de água tratada no local:
A implantação do Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos proposto vem gerando dúvidas e insegurança para a população, o que se intensificou no segundo semestre de 2016, quando uma maior parte da população, com destaque para o grupo dos pescadores artesanais passou a se posicionar a respeito da proposta de disposição dos esgotos tratados.
Confira a nota da Casan:
“A CASAN entende a preocupação de moradores, veranistas e ambientalistas e considera muito importante esclarecer, permanentemente, todas as dúvidas existentes, já que existe uma grande dificuldade de entendimento com relação aos efeitos de um sistema de esgotamento sanitário. Mas é importante ressaltar que a cidade de Garopaba, a balneabilidade de suas praias e a Lagoa de Garopaba, onde está previsto o lançamento do efluente tratado, terão seu ambiente muito mais ameaçado sem um sistema de esgotamento sanitário.
O sistema proposto para Garopaba traz o que há de mais avançado em termos de tecnologia de sanamento no mundo, comprovadamente eficiente sob o ponto de vista ambiental. É uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) modelo Terciário, ainda não implantado em Santa Catarina. Além de depurar a carga orgânica presente no esgoto doméstico, o processo do modelo terciário retira nitrogênio e fósforo que, em excesso, comprometem os ambientes aquáticos. E vai devolver à natureza um efluente tratado (não vai devolver esgoto, mas efluente tratado). A estação reduzirá os riscos de eutrofização (processo provocado exatamente pelo excesso de nutrientes), favorecendo inclusive a pesca artesanal.
Com isso, a Lagoa terá até melhoradas suas condições para o desenvolvimento das espécies aquáticas, pois é importante lembrar que atualmente esse ambiente recebe diretamente, de forma clandestina, parte do esgoto gerado no município, em especial da bacia do Rio Linhares, que é um dos contribuintes da Lagoa. A outra parte tem como destino a beira da praia, através de riachos e canais de drenagem que desembocam no mar. A estação vai tratar em nível Terciário todo esse esgoto que hoje é tratado em fossas (cujo grau de eficiência é avaliado de 30 a 40%) ou lançado sem nenhum tratamento nos cursos de água.
A construção dessa unidade foi a alternativa avaliada como a mais viável do ponto de vista ambiental, econômico e em relação ao tempo de implantação em curto e médio prazo. Porém, prevendo o desenvolvimento do município, a CASAN não exclui a possibilidade de instalação, no futuro, de um sistema de disposição oceânica, desde que este conste nas metas do Plano Municipal de Saneamento.
É importante lembrar que a implantação da rede de esgotos exige que a construção da unidade de tratamento seja agilizada, pois como aconteceu em outros municípios podem ocorrer ligações do esgoto a essa rede por parte dos moradores mesmo ainda sem autorização da CASAN, provocando extravasamentos e comprometendo a qualidade de vida na cidade.”
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